2,5 milhões de pessoas passaram pelos circuitos no Carnaval; veja fotos

Na comparação com 2015 houve aumento de 25% no número de foliões curtindo a rua

Jorge Gauthier

Idade? “Não vou contar para não me entregar, mas tenho pique de menina”, brincou a aposentada Clarice Gama enquanto pulava – mais do que pipoca na panela – atrás do trio de Alex Costa no Campo Grande. E esse não foi o único momento de alegria dela na folia. “Gosto de curtir o Carnaval na rua e atrás dos trios sem corda. Me sinto livre”, disse Clarice, que mora no bairro do Garcia e foi para a rua todos os dias.

Pipoca da BaianaSystem, no Furdunço no Campo Grande, teve movimento grande de foliões animados (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Ela não foi exceção. De Cajazeiras ao Itaigara, o povo foi para a rua curtir as mais de 200 atrações sem cordas. Foram cerca de 2,5 milhões de pessoas nos circuitos em todos os dias, segundo dados da Empresa Salvador Turismo (Saltur) divulgados ontem. Na comparação com 2015 houve aumento de 25% no número de foliões curtindo a rua.

Blocos e camarotes não fizeram parte do vocabulário da professora Virgínia Machado, 31, e de sua mãe Geralda Campos, 52, por exemplo. Naturais de Minas Gerais, Virgínia mora em Salvador e a mãe veio visitá-la, além de aproveitar o Carnaval. “A pipoca é uma opção mais democrática. Curtimos desde a quinta-feira nos Mascarados e pulamos na pipoca de Armandinho, Ivete, Bell… É muito melhor curtir fora das cordas”, conta Virgínia, que mora na Barra.

A funcionária pública Maria Luiza Cândido dos Santos, 39, veio da Ilha de Itaparica para aproveitar seus artistas preferidos na rua: Ivete, principalmente. Mas não pense que ela ficou pulando atrás do trio. Mesmo na  pipoca, ela estava confortável na avenida. No Campo Grande, ela aproveitou a estrutura de ferro do circuito que parece um banquinho para se sentar e ver tudo. “Aqui é o meu camarote particular. Gosto muito de Carnaval e não vinha há alguns anos. Este ano, vi que tinha muita atração sem cordas e desci para cá”, conta Maria.

Houve quem, inclusive, levasse uma estrutura de ‘camarote’  para curtir a folia dos circuitos na rua. Foi o que fez a família da comerciária Vanessa Nogueira, 29, que saiu de São Tomé de Paripe de quinta-feira até a segunda-feira de Carnaval com um kit folia.

“Estamos com quatro crianças e três adultos. Trouxemos cadeiras, bebidas e comidas para ficar mais confortável e também economizar. Pipoca   é bom que gasta menos dinheiro. Esse cantinho aqui (na altura do Cristo da Barra) é maravilhoso porque dá para ver tudo com tranquilidade”, destacou Vanessa enquanto se deliciava comendo um frango assado com farofa de manteiga e uma cerveja gelada.

  • (Foto: Manu Dias/GOVBA )
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Folia sem crise
O estudante de Psicologia Claudio de Moraes, 24 anos, que mora na Pituba, começou a curtir o Carnaval na   quarta-feira (3)  na pipoca de Saulo na abertura da folia no Centro Histórico. Até ontem ele foi todos os dias atrás de trios sem cordas e hoje já se programou para ir no arrastão com Ivete.

“Ano passado saí em dois blocos e três camarotes. Mas, com a grana curta, neste ano de crise resolvi aproveitar as atrações sem cordas. Saí com Ivete, Daniela Mercury, Ju Moraes… O que tinha sem cordas eu fui atrás”, ressaltou o estudante enquanto tomava príncipe maluco atrás do trio independente de Alinne Rosa, na Barra.

Mesmo quem não vai atrás de nenhum trio sem cordas aproveita a diversão. A empregada doméstica Norma Bernadete, 49 anos, mora em Cajazeiras e gosta é de ir na pipoca dos trios com corda. “Sou pipoca natural de alma e de coração. Gosto de ver todos os artistas, mas esse negócio de só sair em trio independente não cola para mim. Eu saio nos sem cordas, mas também vou atrás da pipoca dos trios grandes. Sou apaixonada por Durval Lelys e ele não sai sem cordas. Daí venho atrás dele do mesmo jeito”.

E quem acha que o folião pipoca vai para a rua desarrumado só porque não está em camarotes de luxo está enganado. As amigas Rafaela Fernandes, 15, que mora na Paralela, Ana Carlina, 15, do Costa Azul, e Fernanda Melo, 15, do Itaigara, capricharam no visual para curtir na rua com acessórios animados. “Gostamos muito de Carnaval e ficamos aqui na Barra (na altura do Farol) porque é mais tranquilo. Assim dá para aproveitar mais e ver tudo”, diz Rafaela.

Alegria na rua

Moradora de Ilhéus, a enfermeira Maria Helena Ferreira da Cruz, 50 anos, nunca saiu em bloco e este ano manteve a escrita. “Eu nunca saí em bloco na minha vida. Me sinto muito mais feliz na rua, na pipoca, porque consigo ver mais coisas do que se tivesse dentro de cordas”, conta Maria Helena que é fã de Ivete.

Para facilitar a vida, ela  alugou uma apartamento na Barra com a amiga Isabel Cristina Conceição dos Santos, 58 anos, que é  funcionária pública. “Ficar na pipoca é maravilhoso porque tem uma energia diferente, mesmo quando tem um empurra-empurra. Este ano, inclusive, percebi que houve um clima mais tranquilo na rua, sem muitas brigas”, afirma.

A família da turista catarinense  Jussara Moraes, 49, também alugou apartamento perto do circuito para curtiu a rua com mais tranquilidade. “Somos encantados pelo samba e pelas atrações que saem no Pelourinho. Alugamos um apartamento (na rua Carlos Gomes) para ficar mais perto para fazer os deslocamentos e não perder nenhuma atração”, conta Jussara que veio para Salvador com os dois filhos e o marido Paulo Roberto Sá,  54.

Na folia de Salvador  tem todo tipo de folião pipoca até aquela que não explode, como brincam as aposentadas Josélia Carvalho, 70, e Terezinha Rocha, 78. “Moramos no Garcia e tinha muito tempo que não vinha. Este ano está me lembrando meus tempos de menina. Mas nossa pipoca é paradinha aqui só vendo o movimento passar. Não temos mais pernas para correr atrás do trio”, diz  Josélia.

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