Acuado, Bolsonaro reativa o Gabinete do Ódio

Jair Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, principal membro do "gabinete do ódio"

Jair Bolsonaro resgatou na última semana o “gabinete do ódio” para rebater críticas pela demora quanto ao início da vacinação contra o coronavírus no Brasil. Sob orientação dos assessores que compõem o grupo, ele criou um canal de divulgação de informações no Telegram e mirou em alvos como o jornalista William Bonner, o casal de apresentadores Luciano Huck e Angélica, e o youtuber Felipe Neto. O gabinete do ódio tem como um dos principais integrantes o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e é alvo de investigação do Supremo Tribunal Federal. O grupo é caracterizado pela divulgação de fake news.

Auxiliares relataram que, segundo Bolsonaro, ele está em desvantagem no “jogo da opinião pública” e está “apanhando muito”, de acordo com informações publicadas pelo portal Uol. Na sexta-feira (15), os panelaços tomaram conta do Brasil pedindo o impeachment dele.

Bolsonaro pediu a seus assessores que se “antecipassem” a um possível movimento interno para banir suas contas em plataformas como Twitter, Facebook e Instagram, como aconteceu com o presidente do Estados Unidos, Donald Trump – o chefe da Casa Branca foi banido das redes sociais.

Para mudar a estratégia de comunicação, auxiliares de Bolsonaro também apresentaram a sugestão de estimular seus apoiadores a usarem a Parler, rede social com viés ideológico de direita. Presidente dessa plataforma, John Matze admitiu que ela pode quebrar após uma cascata de fornecedores online se distanciaram dela em consequência da violência no Capitólio dos EUA, na semana passada.

O Telegram de Bolsonaro, o canal é alimentado diariamente pelo assessor Tércio Arnaud Thomaz, um dos membros do gabinete do ódio. Um dos ataques mais recentes foi direcionado a Luciano Huck. Uma imagem reproduz uma foto real do casal de apresentadores (ele e Angélica) pedalando em uma praia. Na montagem, foi colocada ironicamente a hashtag #FiqueEmCasa.

nvestigações

Em maio do ano passado, a Polícia Federal deflagrou uma operação de buscas e apreensões contra um esquema de financiamento e propagação de fake news para beneficiar o bolsonarismo.

Um dos alvos foi a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que é alvo da PF, ameaçou a Corte e pediu o “impeachment” do responsável pela ação. Ao todo, oito deputados bolsonaristas são investigados. O  ex-deputado federal Roberto Jefferson é outro na mira do Judiciário.

A operação também cumpriu mandados contra os empresários bolsonaristas Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan e Edgard Corona, fundador da Smart Fit.

O tema “fake news” voltou a ganhar destaque na imprensa nacional em outubro de 2018, quando uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo denunciou uma campanha ilegal contra o então presidenciável Fernando Haddad (PT) financiada por empresas. O objetivo era a divulgação de fake-news (notícias falsas) no WhatsApp para prejudicar o petista. A matéria apontou, ainda, que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan.

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