Adolescentes matam servidor em Minas e fogem para curtir Carnaval com dinheiro da vítima na BA

Suspeitos, com idade entres 15 e 17 anos, viajaram no carro da vítima. Eles pretendiam vender o veículo por R$ 15 mil

Kivia Souza

Corpo de Terence foi encontrado na manhã de ontem,
depois que os jovens confessaram o crime
(Foto: Reprodução/Facebook)

Quatro adolescentes foram apreendidos durante o Carnaval da Bahia depois de sequestrar, torturar e matar o servidor público de Minas Gerais Terence Henrique Silva, 45 anos. Ele teve a casa invadida em Governador Valadares pelos menores no último sábado (6) quando se preparava para passar o Carnaval na cidade do Prado, na Bahia, com os filhos.  O corpo de Terence foi localizado na madrugada desta terça-feira (9), depois que os adolescentes indicaram o local do crime.

Segundo a polícia, os adolescentes já possuíam registros por atos infracionais em Mucuri, Extremo Sul baiano. Os suspeitos, com idades entre 15 e 17 anos, foram detidos no calçadão da orla, principal circuito da folia, durante a passagem do bloco Pirão Mania, com a cantora Carla Cristina.

Depois de passar um mês observando os hábitos do servidor, dois adolescentes, que são primos, convidaram outros dois para praticar o assalto. Segundo a polícia, o que chamou a atenção dos assaltantes foram os carros na garagem da vítima. “Eles queriam roubar uma Mitsubishi para vir passar o Carnaval aqui, onde têm parentes. Mas quando a vítima estava saindo de casa em um Ford Fusion, resolveram pegar aquele carro”, conta o delegado Samuel Martins Neto, titular de Mucuri.

O objetivo dos adolescentes era sequestrar Terence e levá-lo para agências bancárias para fazer saques. Porém, o grupo mudou de ideia depois de encontrar a vítima apenas com um cartão de crédito. Eles então levaram Terence para a BR-116, em Frei Inocêncio (MG), onde o torturaram. O servidor teve os pulsos cortados, foi agredido com um triângulo de sinalização e esganado com uma corda e uma correia dentada. Os quatro adolescente participaram do crime.

“Terence morava sozinho e era separado. Ele deveria passar na casa da ex-mulher para pegar os dois filhos e viajar para o Prado. Como ele não apareceu, a família alertou à polícia”, explica o delegado.

Logo depois do crime, os adolescentes fugiram no carro da vítima para a Bahia. Ainda de acordo com a Polícia Civil, eles foram abordados pela PM na BA-698, mas houve perseguição e os adolescentes fugiram por um matagal, abandonando o veículo na rodovia. O carro foi apreendido e entregue à Polícia Civil. Um familiar de Terence, que já estava em Mucuri por conta do Carnaval, foi até à delegacia para alertar a polícia sobre a possibilidade dos sequestradores estarem na região.

As primeiras pistas dos adolescentes começaram a aparecer quando um deles fez uma compra em uma farmácia da cidade com o cartão de crédito da vítima. “Eles compraram roupas, celulares e outras coisas no cartão. A polícia de Minas Gerais estava monitorando todos os gastos que eles faziam. O GPS do carro dele também tinha acusado presença aqui em Mucuri”, conta o delegado.

Imagens das câmeras da farmácia foram capturadas e comparadas com as fotos enviadas pela Polícia Civil de Minas Gerais – onde eles também já possuíam registros por atos infracionais.

Apreensão
Três deles foram flagrados, por volta das 22h, em um cerco montado por 30 policiais da Companhia Independente de Policiamento Especializado – Mata Atlântica (Caema) da Polícia Militar após denúncias de moradores que viram o grupo andando em direção a orla.

Um dos garotos foi flagrado no circuito pela PM, mas conseguiu fugir. Ele foi seguido e abordado no calçadão da orla com outros dois comparsas. O quarto garoto foi apreendido na casa da avó, que mora em Mucuri.

Na delegacia, os garotos confessaram os crimes e contaram detalhes da execução. “Um deles contou que queria ver sangue e que o objetivo era matar. Disse que bateu com o cone, mas só saia sangue do nariz. Cortaram os pulsos dele ainda vivo. Dois seguraram uma corda de um lado e os outros dois puxaram a correia do outro. Só pararam quando ouviram o pescoço estalar”, conta um policial que não quis se identificar.

Toda a investigação foi liderada pelos delegados Jorge Silva Nascimento e Samuel Martins Neto, titular de Mucuri. O delegado regional de Governador Valadares, Bernardo Pena Sales, esteve na cidade, onde cumpriu os mandados de busca e apreensão dos quatro adolescentes. Eles foram levados para Minas Gerais e encaminhados para um centro de internação.

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