O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), afirmou nesta segunda-feira (3) que o partido não “comemora nem lamenta” as novas prisões da Operação Lava Jato que levaram de volta à prisão o ex-ministro José Dirceu. Em tom mais cauteloso em relação aos seus colegas de partido, Aécio afirma em nota que “o que deve ser louvado neste momento é o pleno funcionamento das nossas instituições”.

“Cabe a nós, como de resto a todos os democratas no Brasil, zelar pelo seu bom funcionamento. Instituições autônomas, independentes e altivas são a garantia do exercício pleno da democracia. Aqueles que cometeram delitos, independentemente da função que ocupam ou ocuparam, devem responder por eles dentro do que determina a lei”, diz o tucano.

Dirceu foi preso preventivamente nesta segunda na 17ª fase da Operação Lava Jato, chamada de “Pixuleco”. Seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, sócio dele na JD Consultoria, também foi detido. Outro detido é Roberto Marques, ex-assessor do petista. Eles estão na superintendência da PF em Brasília e devem ser transferidos para Curitiba, onde ficarão à disposição da 13ª Vara da Justiça Federal.

Líderes da oposição afirmaram que a prisão de Dirceu aproxima a investigação do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, além do núcleo principal do PT. Para o senador Aloysio Nunes (SP), vice-líder do PSDB no Senado, os fundamentos usados para a prender José Dirceu deveriam influenciar, pelo menos, uma investigação contra o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.

Já o senador Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que a prisão do ex-ministro era esperada diante das novas delações e de provas materiais colhidas pela Polícia Federal na apuração do caso. O tucano afirma que a prisão de Dirceu é um complicador para o governo porque o petista era uma pilastra importante do PT.

“Sua prisão é um complicador pela importância que ele tem em um partido que está perdendo totalmente a sua credibilidade perante a sociedade”, disse.

Questionado se considerava Dilma uma pessoa idônea, o tucano acusou a presidente de ser omissa em relação aos casos de corrupção. “Tudo aconteceu debaixo do seu nariz”, afirmou, citando a trajetória da presidente que foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, além de ter presidido o Conselho de Administração da Petrobras.

O tucano afirmou ainda que um eventual diálogo do governo com membros da oposição só deve acontecer quando o governo “pedir perdão” pelos erros que cometeu. Ele afirmou que Dilma perdeu a chance de abrir um canal de diálogo com a oposição no dia em que venceu as eleições, no ano passado.

“O senador Aécio Neves ligou para parabenizá-la e ela não teve o gesto de fidalguia de registrar o telefonema em declarações”, disse Lima. “De lá para cá, só houve hostilidades e tentativas de dividir o país. Agora que o circo está pegando fogo, eles querem o diálogo”, completou.

Fonte: Folhapress