Basta de tanta violência: Governador, repactue o Pacto Pela Vida

O medo de se tornar mais uma vítima ou a dor de perder um ente querido por conta da alarmante violência que tem assolado nosso estado, lamentavelmente, têm sido sentimentos com os quais o povo pernambucano está sendo obrigado a conviver diariamente. Só em 2017, já são quase 4 mil homicídios, cerca de 3 mil assaltos a ônibus e mais de 100 roubos a bancos. Contudo, casos como o do apresentador da TV Asa Branca, Alexandre Farias – atingindo na cabeça por uma bala perdida, ou mesmo a carbonização de duas pessoas no interior de um veículo que estava próximo a um shopping do Recife, reforçam o clima de barbárie e insegurança em Pernambuco.

A violência é um problema mundial, mas a situação em Pernambuco é totalmente inaceitável e vem sendo objeto de repercussão internacionalmente. Cidades como Caruaru, São José da Coroa Grande, Santa Cruz do Capibaribe, Cabo, Olinda e Recife têm figurado entre as mais violentas do mundo, com números que superam até mesmo regiões em guerra. Mesmo correndo o risco de sermos repetitivos, há cerca de três anos temos denunciado que no rumo em que as coisas estavam seguindo redundaria em um colapso da nossa segurança pública.

Como combater a criminalidade se a Polícia Civil, responsável por investigar os crimes e prender os criminosos, tem funcionado com um efetivo menor que 30 anos atrás, cerca de 40% do que seria necessário? O resultado é que menos de 10% dos inquéritos instaurados em Pernambuco são investigados, por falta de pessoal. Como enfrentar bandidos portando armamentos pesados com nossos coletes à prova de balas vencidos e pistolas que frequentemente apresentam defeitos? Como desempenhar nosso trabalho quando falta gasolina para diligências, as viaturas estando sucateadas, as delegacias funcionando em condições precárias e até mesmo com papeis para impressão dos Boletins de Ocorrência sendo levados pelos próprios Policiais?

Em 2015 apresentamos ao governo o primeiro dossiê sobre a estrutura da Polícia Civil de Pernambuco. Indicamos gargalos, apresentamos alternativas, tecemos diversas críticas construtivas, sempre nos colocando a disposição para contribuir. Tentamos, inúmeras vezes, estabelecer um diálogo aberto e franco, como forma de aprimorar a segurança pública do estado, repactuar o Pacto Pela Vida. Sempre sem sucesso. Talvez, se tivesse escolhido a conversa no lugar da perseguição política, estivéssemos vivendo outra realidade.

Atualmente estamos finalizando o segundo dossiê sobre os bastidores da Polícia Civil, que será entregue ainda este ano. Com isso, a aposta do Presidente do SINPOL, Áureo Cisneiros, é sensibilizar as autoridades para a importância de consolidar o que ele considera um tripé básico de atuação quando o assunto é segurança pública. “Não tem segredo para resolver o problema da violência em Pernambuco, precisamos de diálogo, planejamento e investimentos na área, tendo humildade para reconhecer onde se está errando e corrigir”, avalia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *