Bolsonaro culpa o PT pela morte do miliciano ligado à sua família

Jair Bolsonaro deixa Palácio da Alvorada
Jair Bolsonaro deixa Palácio da Alvorada (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

(Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro indicou neste sábado que a morte do miliciano e ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro Adriano Nóbrega em uma ação policial na Bahia no último fim de semana pode ter sido uma queima de arquivo.

A hipótese de queima de arquivo é defendida pelo advogado da vítima, mas a polícia baiana argumenta que o miliciano estava armado e atirou contra os agentes no cerco feito em um sítio no fim de semana passado.

“Quem é responsável pela morte do capitão Adriano? PM da Bahia do PT. Precisa falar mais alguma coisa?”, disse Bolsonaro a jornalistas em evento no Rio de Janeiro.

Ao ser questionado qual seria o motivo por trás da morte, o presidente disse que “a imprensa está dizendo que foi queima de arquivo” e que as fotografias dos peritos mostram que a vítima morreu com tiro à queima roupa.

Bolsonaro disse que, “sem querer defender o ex-capitão”, não havia nenhuma condenação contra o ex-PM em segunda instância.

O miliciano foi condecorado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) pelo ex-deputado estadual e hoje e senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.

Bolsonaro afirmou que não tem ligação com a milícia do Rio e chamou para si as homenagens na Alerj ao ex-capitão do Bope.

“Não existe nenhuma ligação minha com a milícia do Rio de Janeiro. Zero, zero”, disse ele. “O Adriano eu conheci pessoalmente em 2005 e nunca mais tive contato…eu que pedi para meu filho condecorar. Ele era um herói e eu determinei. Pode trazer isso para cima de mim”, acrescentou Bolsonaro ao lembrar que as homenagens a policiais na Alerj são práticas corriqueiras.

O presidente reclamou que a imprensa insinua haver proximidade com milícias e acrescentou que sua luta contra a corrupção continua e não aceitará ser posto num “saco de gatos”.

Presente ao mesmo evento, o senador Flávio Bolsonaro disse que “homenageou centenas e centenas policiais militares que venciam a morte todos os dias”.

“Não adianta querer me vincular à milícia por que não tem nada a ver absolutamente com milícia, e condecorei o Adriano há mais de 15 anos. Como posso adivinhar o que ele faz de certo ou errado hoje?”, disse o senador

“Pelo que eu soube ele foi torturado, para falar o que? Com certeza nada contra nós por que não tem o que falar. Não temos envolvimento nenhum com milícia”, disse.

O ex-capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega foi apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) como um dos líderes de uma milícia responsável por diversos crimes e suspeita de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco.

A mãe e a mulher do “capitão Adriano” trabalharam no gabinete na Assembleia Legislativa do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

Por Rodrigo Viga Gaier

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