Bolsonaro diz que tem “muita esperança na eleição do ano que vem” e volta questionar urna: “Tem que entrar voto auditável”

Presidente ainda contestou, mais uma vez, a decisão de Barroso em mandar Senado abrir CPI da Covid

Dois dias após afirmar que está se “lixando” para a eleição de 2022, o presidente Jair Bolsonaro mudou o discurso e afirmou, na noite desta sexta-feira (9), que tem “muita esperança na eleição do ano que vem”. A declaração foi dada a apoiadores na porta do Palácio da Alvorada.

“Eu tenho muita esperança por ocasião da eleição do ano que vem. Nós contivemos, buscamos o ponto de inflexão, mas a gente realmente, mudar o destino do Brasil (sic)”, afirmou, ao que uma mulher diz que “tem que ter voto auditável” e Bolsonaro concorda: “tem que entrar o voto auditável”.

O voto “auditável”, em outras palavras, é o voto impresso, defendido pelo presidente, que recorrentemente coloca em dúvida o próprio sistema eleitoral que o elegeu presidente. No ano passado, em dezembro, Bolsonaro chegou a falar para apoiadores que “se a gente não tiver voto impresso em 2022 pode esquecer a eleição”, na tentativa de criar uma narrativa de fraude a ser usada caso seja derrotado no próximo pleito.

Além de eleições, durante a conversa com apoiadores nesta sexta Bolsonaro ressuscitou o caso Adélio, o homem preso por o desferir uma facada em 2018 durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Mais uma vez, o titular do Planalto tentou vender a ideia de que a ação contra ele teria sido planejada pois mais pessoas, alimentando a narrativa de bolsonaristas de que o ataque teria sido orquestrado por partidos de esquerda.

“Aquilo não saiu da cabeça dele. Ele foi só um instrumento para tentar me matar. Acho que dá para chegar nos mandantes. Eu acredito que a Polícia Federal vai desvendar esse crime um dia”, declarou.

Barroso

Entre a claque na porta do Alvorada, o presidente voltou a questionar a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), em determinar que o Senado instale a CPI da Covid para apurar as omissões do governo na pandemia.

“Você viu, né? O Barroso deu uma liminar para seja instalada uma CPI do Covid para investigar eu! Eu dei dinheiro para os caras, muitos sumiram com o dinheiro, eu sou investigado. Não tem cabimento mesmo uma interferência no Legislativo para atingir o chefe do Executivo“, disparou. “Agora, os processos que têm lá de pedidos de impeachment de colega do Supremo, ele fica quieto”, continuou.

Pela manhã, Bolsonaro já havia afrontado o ministro, o que gerou nota de repúdio da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e manifestação da oposição no Congresso, que apontou crime de responsabilidade na reação do presidente.

 

 

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