Botafogo e Flamengo empatam em 0 a 0 no jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil

Rodinei, do Flamengo, e Rodrigo Pimpão, do Botafogo, disputam a bola no Nilton Santos
Rodinei, do Flamengo, e Rodrigo Pimpão, do Botafogo, disputam a bola no Nilton Santos Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

Se clássicos são decididos em detalhes, é justamente a falta deles que pode explicar o empate sem gols entre Botafogo e Flamengo, nesta quarta-feira, no Estádio Nilton Santos, pelo jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil. Ambos fizeram partidas taticamente corretas, com ligeira superioridade para o time rubro-negro, mais perigoso no campo ofensivo. Só que o jogo prometeu mais do que entregou. No fim, o momento de maior capricho acabou partindo de Jair Ventura, o técnico do Botafogo, com o cumprimento afetuoso no estreante Reinaldo Rueda, do Flamengo. Em um jogo de atmosfera tensa, aquele foi o necessário tratado de paz.

Antes da partida, a rivalidade acirrada entre Flamengo e Botafogo trazia o temor de confusão iminente. Mas uma dividida mais forte entre Alex Muralha e Carli, no fim do segundo tempo, foi o mais perto de qualquer atrito. Talvez preocupado com o ambiente do clássico, o árbitro Anderson Daronco foi enérgico até demais e mostrou cartão vermelho aos dois jogadores. O remédio em excesso acabou sendo o veneno de uma partida que, apesar de não ser exuberante, trazia duelos táticos interessantes. A partir daí, qualquer movimento no placar ficou relegado à segunda partida. Empate com gols na próxima quarta-feira coloca o Flamengo na final. Em caso de novo 0 a 0, a decisão vai para os pênaltis.

A escolha por Cuéllar e Willian Arão como dupla de volantes, deixando Márcio Araújo no banco de reservas, passou no teste de fogo do primeiro tempo. O temor de fragilidade na marcação não se concretizou. Pelo contrário: o Flamengo teve sucesso ao adiantar suas linhas e causou problemas à saída de bola alvinegra. Sem os espaços que normalmente encontra para contra-atacar, o Botafogo limitou-se a bolas levantadas na área durante boa parte dos 45 minutos iniciais. E assim permaneceria no segundo tempo.

Só que este Botafogo, comandado há um ano por Jair Ventura, tem um estilo de jogo sólido o bastante para equilibrar qualquer partida. Embora passasse tempo até demais em seu campo, o time alvinegro só permitiu uma chance real do Flamengo, e na bola parada: Éverton alçou, Réver cabeceou e Gatito segurou.

Bastou escapar para o ataque que o Botafogo foi mais perigoso, ao mesmo tempo que expunha fragilidades do Flamengo. Renê foi escolhido por Rueda numa tentativa de dar segurança defensiva à lateral esquerda, depois que o técnico colombiano assistiu de camarote à desastrosa atuação do titular Trauco contra o Atlético-MG. Pois justamente Renê cochilou na marcação e foi desarmado por Bruno Silva, aos 26. O meia alvinegro cruzou rasteiro e Roger por pouco não tocou na bola antes do inseguro Muralha, titular nesta Copa do Brasil só por conta da impossibilidade de inscrever o recém-contratado Diego Alves.

Empurrado por sua torcida, o Botafogo aproveitou o momento e ensaiou uma pressão. Bruno Silva assustou de voleio, Matheus Fernandes arriscou de fora da área e Pimpão deixou Roger na cara do gol. Foram cinco minutos que valeram por todo um primeiro tempo.

A dupla Cuéllar e Arão desafogou o Flamengo logo antes do intervalo, com uma combinação pela direita. Rodinei chegou ao fundo pela primeira vez e cruzou para Berrío, que quase aproveita uma falha de Gatito. O goleiro do Botafogo já se recuperava para fazer a defesa quando a arbitragem, erroneamente, paralisava o lance marcando uma saída pela linha de fundo no passe de Rodinei.

O segundo tempo começou parecendo uma cópia do primeiro. Era o Flamengo quem mais ocupava o campo ofensivo, graças ao dinamismo de Cuéllar, Arão e também de Diego, empenhado tanto na recomposição defensiva quando na tentativa de dar velocidade aos ataques. Foi a partir de um passe de primeira do camisa 35 que Éverton se viu com um latifúndio à sua frente para arrancar, até ser parado com falta na entrada da área do Botafogo. O próprio Diego cobrou, e Gatito observou a bola bater no travessão.

Quando o jogo parecia prestes a ficar mais aberto, o árbitro Anderson Daronco condenou a partida à mesmice aos 35 minutos ao expulsar, com excesso de rigor, o zagueiro Carli e o goleiro Muralha, após uma dividida mais acirrada. Rueda, que havia acabado de lançar Vinícius Jr., foi obrigado a tirá-lo para colocar Thiago. Jair teve de abrir mão do centroavante Roger pelo zagueiro Marcelo. Os dois times não conseguiram criar mais nada, e terão de lidar com as perdas para o próximo jogo. O Botafogo também não terá Pimpão, que recebeu o terceiro amarelo.

Clima tenso no entorno

Se não houve confusão dentro de campo, o clássico teve momentos de tensão no lado de fora do Estádio Nilton Santos. Na chegada, o ônibus do Flamengo foi alvejado por objetos atirados por torcedores do Botafogo. Ninguém ficou ferido, mas o veículo apresentou alguns amassados.

A entrada da torcida do Flamengo apresentou problemas. Segundo a Polícia Militar, o portão de acesso foi fechado após uma tentativa de invasão. Com isso, muitos torcedores ainda estavam fora do estádio depois do apito inicial, o que gerou irritação e mais confusão. Policiais usaram gás de pimenta e soltaram balas de borracha. A entrada só foi regularizada no fim do primeiro tempo.

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