Brasil sem diplomacia será país sem vacina

O início da confusa vacinação, quase simbólica, dos brasileiros contra a Covid-19, vencida a etapa das autorizações da Anvisa – espera-se que irão repetir-se com menos demora -muda o foco das preocupações de Estado para a necessidade imediata (e já tardia) do insumo farmacológico ativo (IFA) que a permita envasar aqui.

Afora as cinco milhões de doses em finalização no Butantã – que, somadas ao lote inicial, pouco mais permitem que imunizar um terço da população envolvida em atividades médico-hospitalares – não há material para sequer mais um frasco de vacina.

Isso significa que as linhas de produção do Butantan e da Fiocruz ficam paradas e vazias, esperando com que trabalhar.

Obter este material exige, porém, muito mais ação do que são capazes de ter os dirigentes dos dois institutos.

Não apenas porque as fábricas têm muito mais demanda do que capacidade como os países – a Índia e a China – estão às voltas com a vacinação de suas populações de mais de bilhão de almas.

Não conseguiremos matéria-prima em quantidade e fluxo seguros para vacinar os brasileiros sem pressões e diálogos diplomáticos muito além da capacidade de simples embaixadores.

Requisita-se, em casos assim, a presença do chanceler e do próprio presidente.

E hoje Ernesto Araújo e Jair Bolsonaro são personagens cujo simples odor afasta interlocutores em qualquer continente.

Dependemos, portanto, que a generosidade para com o povo brasileiro seja mais forte que a repulsa em tratar algo com nosso governo.

Isso pode, porem, valer para gestos limitados, como foram os providenciais caminhões de oxigênio que a Venezuela mandou para Manaus e que não mereceram sequer um “obrigado”.

Mas não vale para um programa de grandes dimensões, que exige o cumprimento do cronograma de embarques de grandes quantidades de insumos, por pelo menos seis meses – se os planos de produção funcionarem como estão no papel, o que é improvável.

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