“Bretas favorece o amigo Bolsonaro com prisão do aliado de Doria e Maia”, por Tales Faria

“Moro, no entanto, continua agindo como candidato. Está na cara que isso não é nada bom para os processos em que ele atuou como juiz. Aliás, não é bom para nenhum processo que um juiz atue como político.”

*Por Tales Faria

Quando se diz que juízes não devem se meter em política não é à toa.

Veja esse caso da prisão do secretário estadual de Transportes de São Paulo, Alexandre Baldy, determinada pelo juiz Marcelo Bretas, que comanda a Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.

Digamos que as suspeitas levantadas pelos investigadores sejam corretas.

A proximidade entre Marcelo Bretas e o presidente Jair Bolsonaro servirá de argumento para os acusados dizerem que estão sendo vítimas de uma perseguição política.

Durante o governo Bolsonaro, haverá pelo menos duas vagas abertas no Supremo Tribunal Federal. E a imprensa já noticiou por diversas vezes que Bretas é um dos possíveis candidatos evangélicos ao posto. Ou mesmo a ministro da Justiça, se o atual titular do cargo, o também evangélico André Mendonça, for ele o indicado ao STF.

A proximidade entre Marcelo Bretas e o presidente Jair Bolsonaro servirá de argumento para os acusados dizerem que estão sendo vítimas de uma perseguição política.

Alexandre Baldy foi deputado federal pelo PP e pelo Podemos. Como se sabe, é secretário do governador João Doria, do PSDB, hoje um dos maiores adversários do presidente Bolsonaro.

Diz-se que ele foi escolhido por Doria também por sua grande amizade com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, outro desafeto de Bolsonaro. Aliás foi Rodrigo Maia quem indicou Baldy como ministro das Cidades no governo de Michel Temer.

Marcelo Bretas, por outro lado, já participou de eventos ao lado de Bolsonaro, trocaram elogios, e ele também é o responsável por outra operação com denúncias de desvios de verbas da saúde. Foi contra o governo do Rio de Janeiro.

Vale lembrar que o governador Wilson Witzel é mais um grande adversário de Bolsonaro e está ameaçado de impeachment por conta dessas denúncias.

Alexandre Baldy é secretário do governador João Doria, do PSDB, hoje um dos maiores adversários do presidente Bolsonaro.

Vejam também o caso do juiz Sergio Moro. O fato de ter-se tornado ministro da Justiça logo após comandar o principal núcleo da Operação Lava Jato, em Curitiba, colocou sob suspeita boa parte das decisões que tomou como magistrado.

Suspeitas que levaram o STF a invalidar a delação premiada do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci num dos processo contra o ex-presente Lula. O ministro do Supremo Gilmar Mendes chegou a afirmar que a divulgação da delação, dias antes das eleições de 2018, favoreceu o candidato Jair Bolsonaro, apontando que Moro pode ter cometido “grave ilicitude”.

Se colega de STF Ricardo Lewandowiski foi na mesma linha. Disse que Moro influenciou, “de forma direta e relevante”, o resultado da eleição. E a defesa do ex-presidente Lula já entrou com processo arguindo a suspeição do juiz. É bem possível, portanto, que outros processos sejam anulados.

Moro, no entanto, continua agindo como candidato. Está na cara que isso não é nada bom para os processos em que ele atuou como juiz. Aliás, não é bom para nenhum processo que um juiz atue como político.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *