Caí fora daí, Cunha

PRESIDENTE DA CÂMARA ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS. FOTO: ANTONIO CRUZ / ABR

Aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), procuram alternativas para tirá-lo do “centro da crise” política ocasionada pelas denúncias de corrupção desvendadas pela Operação Lava Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras.

O todo-poderoso da Câmara tem ascensão sobre deputados da oposição e da base aliada do governo. Cientes do prestígio de Cunha, líderes do chamado blocão (PP-PTB-PSC-PHS-PEN) defendem acordo com a oposição. Neste pacto, Cunha abriria o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, daqui a três semanas, e pediria licença do mandato de deputado – numa tentativa desesperada de não ser cassado.

Seus aliados acreditam que ele sairia do noticiário negativo com o afastamento temporário, evitando o expurgo definitivo da presidência da Câmara. Acontece que Cunha reluta. Segundo ele, a manobra soará como confissão de culpa. O peemedebista avisou que, na pior das hipóteses, “levará muita gente” para lama.

Cunha anda preocupado com a quebra de decoro parlamentar. No Congresso, suas excelências até toleram envolvimento em corrupção, mas abominam quando seus pares contam mentiras em comissões ou em plenário. Por duas vezes, ele negou que tinha contas no exterior, o que o Ministério Público mostrou ser mentira. Ele tem duas contas bancárias na Suíça, no valor de R$ 5 milhões.

Os deputados recordam do caso do ex-vice-presidente da Câmara, o ex-petista André Vargas (PR), cassado no ano passado. Vargas mentiu sobre sua relação com o doleiro Alberto Youssef, delator do petrolão. Caiu em desgraça justamente por mentir sobre a estreita relação com o doleiro.

Mesmo com as manobras possíveis, os aliados contam que a permanência do presidente da Câmara é insustentável. O que querem, na verdade, é ganhar tempo, assim como a oposição – que deposita as fichas do impeachment nas mãos do submerso Eduardo Cunha.

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