Carlos V é proclamado rei do Sacro Império Romano Germânico

Príncipe da Casa de Habsburgo recebeu o título após decisão unânime de príncipes eleitores

Em 28 de junho de 1519, em Frankfurt, os príncipes eleitores elegem, por unanimidade, o príncipe da Casa de Habsburgo como novo rei do Sacro Império Romano Germânico com o título de Carlos V.

Carlos I da Espanha e V da Alemanha, nascido em Gante, Flandres, em 1500, era filho de Joana a Louca e de Felipe o Belo de Castela. Foi educado nos Países Baixos por Adriano de Utrecht e Guilherme de Croy, recebendo a influência dos humanistas do Renascimento, como Erasmo de Roterdã.

Em 1515 assumiu a governação dos Estados da Casa de Borgonha – os Países Baixos, o Franco Condado, Borgonha e Charolais – que lhe correspondiam por herança de sua avó paterna. Ao morrer seu avô materno, Fernando o Católico, em 1516, herdou as coroas unificadas de Castela, à qual se havia anexado no ano anterior a de Navarra – e dia após dia, iam sendo anexados os novos descobrimentos nas Índias – e de Aragão com seus domínios mediterrâneos de Nápoles, Sicília, Cerdaña e Rosellón.

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Carlos V foi eleito de forma unanime pelos príncipes eleitores

Dono de tão extensos territórios, Carlos adotou em seguida o projeto de Mercúrio Gattinara, seu chanceler, de restaurar um império cristão universal, para o que deveria conseguir uma efetiva hegemonia sobre os restantes monarcas da Cristandade. Isto o enredou em guerras contínuas contra os opositores a tal hegemonia. Como rei da Espanha, Carlos suscitou importantes resistências desde a sua chegada ao país em 1517, devido a sua condição de estrangeiro, rodeado por uma corte de estrangeiros e com os olhos postos em objetivos políticos que excediam em muito os limites da Península Ibérica.

Sua política pouco respeitosa com a autonomia municipal somada à perspectiva de um rei ausente durante largos períodos e esfolando o reino com impostos para financiar suas aventuras europeias, determinaram as insurreições urbanas das comunidade de Castela (1520-21) e das Irmandades de Valencia e Mallorca (1519-24), que teve de esmagar militarmente.

A fim de aplacar os ânimos permaneceu uns anos na Península, onde contraiu matrimônio com sua prima Isabel de Portugal em 1526, como lhe haviam pedido as cortes de Castela.

Quanto a sua luta pela hegemonia na Europa, Carlos teve de se confrontar, na condição de líder da Cristandade contra o avanço dos turcos, que sob o reinado de Soliman o Magnífico, avançaram pelos Bálcãs até o coração da Áustria – primeiro assédio de Viena em 1529 e anexação da Hungria em 1541-, ao mesmo tempo que Barbarrúiva hostilizava a navegação no Mediterrâneo.

Carlos teve de travar também 4 guerras contra o rei “cristianíssimo” da França, Francisco I em 1521-26; 1526-29; 1536-38 e 1542-44, motivadas por diversos contenciosos territoriais na Itália e nos Países Baixos. Henrique VIII da Inglaterra e outros Estados europeus como Veneza, Florença, Suíça, Dinamarca e Suécia, se alinharam ocasionalmente à França, temerosos da hegemonia austríaca. Igualmente, a Santa Sé, sob o pontificado de Leão X e Clemente VII, lutou contra o imperador, quem não duvidou em autorizar seus exércitos que saqueassem Roma em represália em 1527.

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