Colônia dos Padres: um lugar a ser descoberto em Jaboatão
A Colônia dos Padres foi fundada por religiosos salesianos na área rural de Jaboatão dos Guararapes (Grande Recife) no começo do século 20
No fim de Vila Rica, já na área rural do município de Jaboatão dos Guararapes, há uma igreja que se equilibra em cima de uma pedra e que recebe o aroma que o vento espalha de pés de pitanga, jaca, manga, goiaba e caju. A Basílica Nossa Senhora Auxiliadora, construída nas primeiras décadas do século 20 pela Congregação Salesiana ao lado de um seminário para formação de sacerdotes, é um recanto a ser descoberto na Região Metropolitana do Recife.
Distante 18 quilômetros da capital pernambucana e a apenas três quilômetros do Centro de Jaboatão, a igreja fica num lugar conhecido como Colônia dos Padres, recebe os fiéis para missas dominicais às 8h, promove festas religiosas e é um ponto de romaria de católicos. O prédio que serviu como seminário e hoje abriga um retiro para encontros espirituais tinha outra função no passado: era uma casa de repouso onde salesianos doentes se recolhiam para recuperar a saúde.
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“O Recife daquela época era muito alagadiço e os padres italianos adoeciam com frequência na cidade. Seguindo orientação médica, a congregação procurou um local distante, no meio da mata, para eles passarem fins de semana e férias e, assim, recobrarem a saúde”, relata padre João Carlos Ribeiro, vice-inspetor dos salesianos no Nordeste. Os religiosos também abriram e mantiveram por um determinado período uma escola agrícola no lugar, inicialmente batizado de Colônia de São Sebastião e depois renomeado como Colônia Salesiana.
Para saber a origem da Colônia de São Sebastião, a Colônia dos Padres Salesianos, é preciso recuar mais um pouquinho no tempo. Essa história começa no fim do século 19, em 15 de dezembro de 1894, quando o governo federal passou para o Estado de Pernambuco a colônia agrícola Barão de Lucena que havia criado com a desapropriação de cinco engenhos conjugados e abandonados do espólio de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque (1793-1880), o Visconde de Suassuna.
História
Formada pelos antigos Engenhos Suassuna, Socorro, Santo André, Santo Antônio e parte do Engenho Velho, a Colônia Barão de Lucena foi repartida em mais de cem lotes e vendida a particulares, a partir de 1895. “Os lotes eram enormes, tinham até cem hectares. Os padres salesianos compram um deles, constroem a igreja em cima de uma pedra e embaixo, na furna, fazem a Gruta Nossa Senhora de Lourdes”, informa Reinaldo Carneiro Leão, secretário perpétuo do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. “A área passou ser chamada pela população como Colônia dos Padres”, comenta.
A desapropriação dos engenhos, diz Reinaldo Carneiro Leão, teve a participação direta do Barão de Lucena, Henrique Pereira de Lucena (1835-1913), ministro da República no governo do marechal Deodoro da Fonseca. Parente dos Suassunas, o barão conhecia de perto a pendenga familiar que envolvia a herança do visconde e da viscondessa, que não tiveram filhos.
“Quando a Viscondessa de Suassuna morreu, em 1878, deixou as propriedades (incluindo 13 engenhos, cinco em Jaboatão) para dois sobrinhos, mas o visconde alegava que a herança era dele. O inventário aberto em 1878 se arrastou até 1926”, informa Reinaldo Leão. A história da Colônia Barão de Lucena ou Colônia Suassuna é resgatada no Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco, de Sebastião de Vasconcellos Galvão.
Atualmente, a Inspetoria Salesiana do Nordeste mantém na Colônia dos Padres uma escola de ensino fundamental gratuita para 700 alunos (Colégio Nossa Senhora Auxiliadora) do 1º ao 9º ano, a basílica e a casa de retiro aberta a qualquer grupo religioso, com capacidade para cem hóspedes. A Capela de São Sebastião, erguida na colônia de mesmo nome e em atividade desde 22 de janeiro de 1905, não fica mais nas terras dos salesianos, diz padre João Carlos. Visitas podem ser agendadas pelo (81) 3481-0322.
Fonte: JC