Com proposta da Roma recusada pelo Fluminense, atacante Marcos Paulo é a nova aposta de Xerém

Marcos Paulo joga pelo sub-20 e treina com os profissionais
Marcos Paulo joga pelo sub-20 e treina com os profissionais Foto: Mailson Santana / Fluminense
Rafael Oliveira

O sucesso de Pedro, que antes de se lesionar chegou à artilharia do Brasileiro e foi convocado por Tite, fez com que as atenções, de novo, se voltassem para Xerém. “Que outras joias podem brilhar?”, perguntam-se os torcedores do Fluminense. Candidatos não faltam. Mas um parece ter largado na frente. Aos 17 anos, Marcos Paulo já assinou contrato com multa de 45 milhões de euros (R$ 215 milhões), virou alvo do futebol italiano e, hoje, embarca para Portugal: foi convocado para treinar com a seleção sub-18 do país. Sob tantos holofotes, natural que o atacante gere expectativas. Não só fora como dentro do clube.

Recentemente, a diretoria recusou proposta oficial da Roma por ele. O valor é mantido em sigilo, mas comenta-se ser maior do que o pago pelo Sporting, de Portugal, por Wendel (7,5 milhões de euros). O clube entende ainda não ser a hora de vendê-lo. E crê que possa, em breve, destacar-se pela equipe principal.

Os olhos do técnico Marcelo Oliveira já estão sobre ele. Marcos Paulo iniciou o ano no sub-17, onde foi vice-campeão da Taça BH. Hoje, treina com os profissionais e integra a equipe que está nas semifinais do Brasileiro sub-20.

— Ele é muito focado. Tem muita vontade de fazer sucesso. Não é um finalizador nato. É mais de dar assistências, criar jogadas. E está conseguindo aprimorar as finalizações agora que treina no profissional — conta o coordenador-técnico da base tricolor, Marcelo Veiga, que identifica o diferencial de Marcos Paulo: — Tem passe diferente. E quando faz o giro ou dribla mostra muita imprevisibilidade. Pode jogar tanto de 9 quanto de meia.

Marcos Paulo já atuou em amistosos pela seleção de base do Brasil
Marcos Paulo já atuou em amistosos pela seleção de base do Brasil Foto: Reprodução/Instagram

Obstinação vem de berço

O atacante já atuou pelas seleções brasileira sub-15 e sub-17. A convocação para a seleção sub-18 portuguesa só ocorreu porque Marcos Paulo tem dupla cidadania. A escolha definitiva só ocorre quando ele jogar um torneio oficial pela equipe principal.

Seu avô materno é português. Mas a importância da família na carreira vai além da nacionalidade. A obstinação apontada por Veiga vem de berço.

Vítima de um atropelamento, sua mãe, Paula, teve um dos braços amputados. Já o pai, Marcos Aurélio, teve poliomielite e, hoje, é paraplégico. O atacante cresceu num ambiente de pessoas que aprenderam a superar as deficiências.

Seu primeiro técnico, na escolinha no bairro de Santa Izabel, em São Gonçalo, foi o próprio pai. Já a mãe trabalha na Andef (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos), um dos clubes mais tradicionais do paradesporto brasileiro.

— Ele foi criado no meio de gente que luta para mostrar ser possível atingir os objetivos. Conheceu pessoas que foram à Paralimpíada e jogou bola com elas. Acho que isso foi um diferencial em sua formação — conta Paula.

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