Cruz e Sousa, o abolicionista

Entre 1881, quando viaja pelo Brasil como secretário de uma companhia de teatro, torna-se abolicionista ao testemunhar as condições em que eram mantidos os escravizados no país.

De Todos pela Constituição

João da Cruz e Sousa nasceu no dia 24 de novembro de 1861, na cidade catarinense de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravizados alforriados, seu pai, Guilherme da Cruz, era mestre-pedreiro e sua mãe, Carolina Eva da Conceição, era lavadeira. Nascido livre, Cruz e Souza foi criado pelo antigo senhor de seus pais, o marechal Guilherme Xavier de Souza, de quem adotou o sobrenome, e por sua esposa, Dona Clarinda Fagundes, que cuidou com esmero de sua educação. Aprendeu a ler com sua protetora, frequentou o colégio público local em seus primeiros anos e escreveu seus primeiros versos ainda criança.

Durante a adolescência, passou a frequentar o Ateneu Provincial Catarinense, colégio frequentados pelos filhos da elite local, onde teve aula de ciências naturais com o naturalista alemão Fritz Muller – amigo, correspondente e colaborador de Darwin e Haeckel. Aluno brilhante, Cruz e Sousa destaca-se em matemática e línguas, aprendendo a falar francês, inglês, latim e grego. Torna-se leitor de Baudelaire, Leconte de Lisle, Leopardi, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, entre outros autores europeus de seu tempo.

Entre 1881, quando viaja pelo Brasil como secretário de uma companhia de teatro, torna-se abolicionista ao testemunhar as condições em que eram mantidos os escravizados no país. De volta à Santa Catarina, funda, com Virgílio Várzea e Santos Losada, o jornal semanal Colombo, periódico crítico e literário de viés parnasiano.

Em 1885, publica, juntamente com Virgílio Várzea, o livro Tropos e fantasias, obra em prosa na qual se encontram textos contra a escravidão. Neste período, é nomeado promotor em Laguna, mas impedido de tomar posse por ser negro. Assume a direção do jornal ilustrado O Moleque, fortemente discriminado pelos círculos sociais locais devido ao seu viés crítico, e colabora no jornal republicano e abolicionista Tribuna Popular, considerado a mais notável folha catarinense do período.

Cinco anos depois, em 1890, Cruz e Sousa muda-se para o Rio de Janeiro e começa a colaborar com o jornal “Cidade do Rio de Janeiro”, do abolicionista José do Patrocínio, e a trabalhar como arquivista na Central do Brasil. Neste ano, lança os livros “Missal” (poemas em prosa) e “Broquéis” (poesias), que inauguram o movimento simbolista no Brasil.

Após o casamento, em 1993, passa a ocupar vários cargos modestos e a enfrentar dificuldades financeiras e com a família. Sua esposa tem crises nervosas e dois dos quatro filhos do casal morrem. Vítima da tuberculose, muda-se para a cidade de Sítio, em Minas Gerais, onde morre no dia 14 de março de 1898. Devido às condições financeiras da família, o traslado de seu corpo de Minas para o Rio de Janeiro é financiado por amigos, dentre eles José do Patrocínio.

Entre suas obras póstumas figuram: Evocações (livro que havia deixado pronto e inédito), publicado em 1898; Faróis (coletânea organizada por Nestor Vítor, depositário de seu espólio literário), lançado em 1900, e Últimos Sonetos, em 1905. Em 1923, é publicada a primeira edição de sua Obra Completa.

Fonte: Literafro – http://www.letras.ufmg.br/literafro/

E-biografia – https://www.ebiografia.com/cruz_e_sousa/

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