Depois das prisões: O que vem agora?
Um senador gabando-se de exercer tráfico de influência perante o Supremo e de ser credor do favor de um grande financista convida à pergunta: já terá feito algum favor a essas autoridades a ponto de delas se julgar credor? Quanto ao financista, quais interesses comuns com o senador levá-lo-iam a concordar em gastar milhões de reais na ajuda ‘humanitária’ ao réu Nestor Cerveró? Ambos devem explicações mais precisas do que as prestadas nos primeiros depoimentos. Por isso, em Brasília, muitos temem eventual delação premiada que eles possam vir a fazer. Sabe-se que tanto um como outro tinham relações com os principais partidos do governo, mas também com os da oposição. Depois da votação que manteve a prisão decretada pelo STF, o silêncio dos senadores pode ter sido menos em deferência ao colega do que por apreensão ante o que está por vir.
No caso de André Esteves o país tem o direito de saber quais são as suas conexões e interesses com o mundo da política que parecem ter facilitado sua vertiginosa ascensão no mundo da alta finança. Por que um banqueiro tão ‘bem-sucedido’ decide participar de um complô tão arriscado para tirar da cadeia um réu em vias de se tornar réu-confesso pela via de uma delação premiada cujo texto de acordo estranhamente já chegara às suas mãos?
De imediato, a consequência desses eventos foi a quase paralisação de Brasília. O que pode ser muito ruim, pois as medidas do ajuste ficarão ainda mais distantes. A conjuntura política mais do que nunca sofre de instabilidade com a possível cassação do presidente da Câmara. E, agora, não se sabe mais de quantos outros congressistas. A conjuntura econômica, além de impactada pela situação de baixa governabilidade e incerteza política, agora tem elemento retroalimentador nas consequências que poderão advir para o Banco BTG Pactual e toda a gama de empresas que com ele têm investimentos.