Deputados federais são suspeitos de ligação com doleiro

Gravações da Polícia Federal (PF) apontam o suposto envolvimento dos deputados Waldir Maranhão (PP-MA), Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Eduardo Gomes (PSDB-TO) com a organização do doleiro Fayed Traboulsi. O documento levanta suspeita sobre vários outros parlamentares, inclusive um senador.

A organização de Fayed e do policial Marcelo Toledo é investigada pelo desvio de R$ 50 milhões de fundos de pensão de prefeituras e governos estaduais. O relatório da polícia, que estava na Tribunal Regional Federal da 1ª Região, foi enviado nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A partir de agora, caberá ao STF decidir se abre ou não inquérito para aprofundar apuração sobre o braço político da organização de Fayed, a partir de parecer do Ministério Público. O grupo do doleiro é suspeito também de movimentar pelo menos R$ 300 milhões nos últimos anos. Para a polícia, parte da movimentação financeira do grupo está relacionada à lavagem de dinheiro de origem criminosa.

Os indícios sobre o suposto envolvimento de parlamentares com o grupo de Fayed foram obtidos de forma incidental durante as investigações da Operação Miquéias, lançada há duas semanas. Ao longo da apuração, a polícia gravou conversas comprometedoras de Waldir Maranhão e Eduardo Gomes com integrantes da organização de Fayed. Nos diálogos, os interlocutores falam com intimidade, marcam reuniões, prometem ajuda.

Fayed e Toledo buscavam a ajuda de deputados para se aproximarem de prefeitos e, a partir daí, fazer negócios com fundos de pensão municipais e estaduais. O grupo é acusado de vender títulos podres aos fundos de pensão de servidores.

– As conversas indicam que havia ligação (entre os parlamentares) com as atividades do doleiro Fayed – disse ao GLOBO uma fonte que está acompanhando o caso de perto.

O deputado Davi Alcolumbre confirmou que teve várias conversas com Fayed. Ele disse que foi apresentada ao doleiro no cafezinho da Câmara e, desde então, os dois se falaram “três ou quatro” vezes, duas delas pessoalmente.

– Falamos sobre política e economia. Falei das forças políticas do meu estado. Ele me perguntou se Sarney (senador José Sarney (PMDB-AP) era bom para o Amapá porque ele não é de lá. Eu falei que era. Falei que apoio ele – disse Alcolumbre.

O deputado disse que os dois não trataram, em nenhum momento, de fundos de pensão. Alcolumbre disse que os dois tiveram a última conversa ano passado e que não se lembra se foi ele que ligou para Fayed ou se foi o doleiro quem ligou para ele.

O GLOBO tentou, sem sucesso, falar com Waldir Maranhão. Eduardo Gomes se licenciou da Câmara e é hoje secretário de Esporte e Lazer do governo de Tocantins. Um auxiliar do secretário disse que mais tarde Gomes retornaria a ligação.

Nas investigações apareceram também nomes de outros parlamentares, inclusive de um senador. O nome do senador estaria ao lado de um ponto de interrogação num dos documentos apreendidos.

O STF deverá remeter o material ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A partir da manifestação do procurador-geral, o STF deverá decidir se desmembra as investigações como fez com o caso do ex-senador Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira. (O Globo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *