Discurso da oposição continua errado

Opinião

A nova pesquisa Ibope/Rede Globo/JC, divulgada ontem, foi ruim para João Campos, boa para Marília Arraes e Patrícia Domingos, mas péssima para Mendonça Filho. Mostrou que João tem teto e tende a não subir mais. Recuou de 33% para 31% e ainda apareceu na liderança do ranking dos mais rejeitados, batendo Mendonça. Foi boa para Marília porque ela se manteve, numericamente, em segundo lugar, e na estratificação do levantamento foi a que mais cresceu.

A petista cresceu de 12% para 23% entre os eleitores na faixa etária de 35 a 44 anos, de 14% para 23% entre os eleitores de cor branca e de 8% para 16% entre os eleitores com grau de instrução no ensino fundamental. Já João Campos caiu entre os evangélicos de 35% para 27% e entre os eleitores com renda familiar de mais de dois a cinco salários-mínimos, saindo de 32% para 25%.

Mendonça Filho, por sua vez, apresentou recuos em praticamente todos os estratos analisados, mas principalmente entre eleitores: renda familiar de mais de cinco salários mínimos: de 26% para 15%; 55 anos ou mais: de 27% para 17%; homens: de 22% para 13%; ensino fundamental: de 20% para 12%; católicos: de 20% para 13%; 35 a 44 anos: 18% para 11%.

Por que Mendonça despenca? Sua propaganda no rádio e na televisão não bate com consistência em ninguém, atendo-se apenas a apresentar proposições. De promessas, o povo está de saco cheio e o que ele diz que vai fazer para mudar o Recife todos os demais concorrentes prometem, não se diferenciando de ninguém.

A delegada oscilou positivamente três pontos, indo de 13% para 16%, porque seu discurso é sustentado no que o povo está querendo ouvir: combate à corrupção. Mendonça tem ao seu dispor um grande arsenal nessa linha, mas não usa. A gestão de Geraldo Júlio, que tenta eleger João Campos, já foi objeto de seis operações da Polícia Federal, mas Mendonça ignora. Quando cita isso, não vai aos meandros do problema, mostrando que muita gente morreu porque faltaram respiradores adequados enquanto a Prefeitura optou por equipamentos testados em porcos.

O candidato que conseguir colocar no eixo da discussão a pandemia será eleito. A oposição no Recife precisa despertar: esta é a eleição da pandemia do coronavírus, onde a saúde da população está em jogo. É um salvem-se quem puder. Ninguém quer saber quantas casas populares serão feitas a mais no Recife nem se o saneamento vai alcançar níveis satisfatórios numa cidade em que grande parte da população vive sobre esgotos e respira lama.

Basta observar como espelho a eleição dos Estados Unidos. Trump está ameaçado de não ser reeleito porque geriu mal a pandemia, que subestimou a inteligência do povo. Quem mostrar no Recife que uma empresa com capital social de apenas R$ 100 mil celebrou um contrato de R$ 18 milhões para compra de respiradores incompatíveis para salvar vidas em hospitais enxotados de doentes entra em sintonia com a maioria da população, pode ganhar a eleição.

Por: Magno Martins

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