‘Ela é um monstro’, diz filho de mulher acusada de matar enteada de 4 anos

Madrasta teria matado menina a pauladas. Pai também é suspeito de participação. Crime bárbaro aconteceu em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio

DIEGO VALDEVINO
Menina foi encontrada morta dentro de casa em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio

Foto: Reprodução Facebook

 ‘É duro dizer isto, mas minha mãe é um monstro. Nem um cachorro faz isso com a cria”. O desabafo é de Wellington Souza da Silva, de 25 anos, filho da ajudante de cozinha Joelma Souza da Silva, 43, acusada de espancar até a morte a enteada Micaela, de apenas 4, na madrugada de ontem, dentro de seu apartamento em Brás de Pina, subúrbio do Rio. A menina morava com a madrasta, o pai, Felipe Ramos da Silva, de 30, e Wellington.

Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DH) investigam se o pai também teria espancado Micaela ou se seria apenas cúmplice de Joelma, ao não impedir as agressões. Ambos foram presos em flagrante e vão responder por homicídio qualificado por meio cruel e por impossibilidade de defesa da vítima e fraude processual, já que adulteraram a cena do crime.

Wellington, que é chaveiro, contou que chegou em casa por volta de 2h com as luzes do apartamento apagadas. Ele disse que não acendeu as luzes da casa para não acordar Micaela, que estava deitada no sofá. Dormiu sem notar nada de anormal e, quando acordou, às 8h, percebeu que a menina estava morta e chamou a polícia.

Abalado, o rapaz disse que eram comuns as agressões contra a menina. “Moro com minha mãe há 8 meses e sempre presenciei cenas de agressões. Procurei defender a menina, mas nem sempre dava. O pai via tudo e não fazia nada. Minha mãe, aquele monstro, nunca soube criar um filho, tanto que eu morava com minha avó”, disse ele, que afirmou já ter levado, da própria mãe, uma facada na perna.

Em depoimento, Joelma negou o crime e disse que deu dipirona (medicamento analgésico e antipirético) a Micaela. Já Felipe acusa a companheira, e diz que já tinha presenciado agressões dela à menina pelo menos três vezes, mas não explicou porque não impediu os atos. Ele alega que chegou em casa às 23h, encontrou a menina deitada no sofá, deu um beijo nela e não notou nada anormal.

Joelma é acusada do crime

Foto: Reprodução

MARCAS NO CORPO

Segundo o delegado André Leiras, a criança tinha marcas que pareciam de pauladas em várias partes do corpo, como cabeça, palma da mão e pernas, além de um corte na cabeça. Ela tinha sinais de desnutrição. “Em 14 anos de polícia, nunca vi uma cena tão horrorosa. Ao mostrar ao pai a imagem da filha morta, ele não esboçou reação. Foi conivente, mas também queremos saber se ele a espancou. Eram tantas lesões que será necessário exame complementar para definir a causa da morte”, disse o delegado.

Joelma tem uma passagem pela polícia por lesão corporal em 2011.

Casal quase é linchado

De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital, que investiga o caso, o cenário do crime foi alterado já que não havia sangue sobre o sofá onde a menina estava quando a polícia chegou ao local. Com um produto específico para encontrar vestígios de sangue (luminol), a perícia encontrou manchas na cama do quarto do casal e na pia do banheiro. Um lençol com manchas de sangue foi encontrado no lixo. A polícia acredita que a menina possa ter sido morta no quarto do casal e depois colocada sobre o sofá.

Vizinha diante do prédio de Micaela (no detalhe da foto) conta que criança sempre aparecia machucada

Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia

Vizinhos vão arrecadar dinheiro para pagar o enterro de Micaela, que ainda não tem horário e dia definidos. Alguns deles disseram ainda que a menina sempre aparecia machucada. Na hora em que Joelma e Felipe deixavam o apartamento, acompanhados da polícia, muitos tentaram agredir o casal.

Vídeo: Revolta de vizinhos na saída de pai e madrasta da casa
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *