Elite: uma série sobre jovens que enfrentam ‘luta de classes’, xenofobia e uma coleção de clichês

Segunda série espanhola poduzida pela Netflix, mistura Gossip girl, Rebelde e How to get away with murder

Manuel Fernandez-Valdes/divulgação
Danna Paola interpreta a patricinha Lucrécia na nova série espanhola da Netflix (foto: Manuel Fernandez-Valdes/divulgação)

Três jovens de classe média baixa ganham bolsas de estudos para um dos colégios mais elitizados da Espanha. Deparam-se com um mundo inacessível, cheio de mansões luxuosas e festas VIP. Sim, você conhece essa história de algum lugar. Elite, a segunda série espanhola produzida pela Netflix, mistura Gossip girl, Rebelde e How to get away with murder. E ainda traz uma pegada Big little lies, com assassinato logo no primeiro episódio, além de depoimentos à polícia no decorrer da trama.

O elenco conta com Miguel Herrán, Jaime Menéndez Lorente e María Pedraza, que interpretaram, respectivamente, Rio, Denver e Alison Parker em La casa de papel, sucesso espanhol da Netflix. Agora, os atores dão vida a Christian, Nano e Marina, a garota assassinada. Uma das figuras mais bem construídas da série, essa jovem conquista o espectador com seu carisma.

Por outro lado, alguns colegas dela não escapam do clichê. Lucrécia (Danna Paola), por exemplo, é a patricinha clássica em busca do posto de melhor aluna da sala. Qualquer semelhança com Blair Waldorf (inclusive o uso de tiaras), a protagonista de Gossip girl, não parece ser mera coincidência.

A “luta de classes” é um dos destaques da trama. Com maestria, Elite representa um grupo social nem um pouco disposto a abrir mão de seus privilégios para conviver com a diferença. Estão ali garotos de famílias riquíssimas, que promovem grandiosas festas beneficentes para se autopromover, mas não aceitam que jovens pobres estudem no colégio dos filhos.

Além da desigualdade social, outros temas são abordados em Elite, como as dificuldades enfrentadas por portadores de HIV e a xenofobia. A imigrante Nadia, uma das bolsistas, é proibida pela direção da escola de usar o hijab, lenço que cobre o cabelo das muçulmanas. “Aqui, todos usam acessórios – bolsas caras, relógios de ouro… Tudo isso quer dizer: sou mais rico do que você. Por que não posso usar um símbolo da minha fé?’’, questiona a garota.

Os jovens se envolvem com drogas e enfrentam a descoberta da sexualidade. O casal formado pelo muçulmano Omar (Omar Ayuso) e Ander (Arón Piper), o filho da diretora, depara-se com o desafio de confrontar a conservadora sociedade espanhola.

Nos últimos episódios, as tramas individuais dos personagens ficam um pouco de lado e a série se concentra no mistério: afinal de contas, quem matou Marina?. O final deixa brechas evidentes para a segunda temporada, ainda não confirmada pela Netflix.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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