Em meio à Lava Jato, Eletrobras gastou R$ 340 milhões com escritório dos EUA para investigar desvios abaixo do valor contratado

“O trabalho da Hogan Lovells empregou algumas dezenas de afortunados e produziu papéis de pouca serventia”, afirma o jornalista Elio Gaspari

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9/04/2019
REUTERS/Brendan McDermid
Logo da Eletrobras em painel na bolsa de Nova York 9/04/2019 REUTERS/Brendan McDermid (Foto: Brendan McDermid)

O jornalista Elio Gaspari destaca, em sua coluna na Folha de S. Paulo, que um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que a Eletrobras pagou R$ 340 milhões ao escritório de advocacia estadunidense Hogan Lovells para investigar desvios que ficaram abaixo dessa quantia. O caso, que foi revelado em 2017, voltou à pauta da Corte no dia 15 de junho. A análise do relatório, porém, foi suspensa após um pedido de vista. “Eram os estranhos tempos do lava-jatismo”, ressalta Gaspari.

Segundo a reportagem, “nos contratos com o escritório Hogan Lovells, havia vícios, sobrepreços, superfaturamentos e subcontratações que chegaram a R$ 263 milhões, pagando-se em muitos casos por serviços que não eram comprovados”. “O trabalho da Hogan Lovells empregou algumas dezenas de afortunados e produziu papéis de pouca serventia”, uma vez que o relatório apontou que os produtos entregues pelo escritório identificaram fraudes que já eram de conhecimento público e também não serviram para prevenir futuras ocorrências.

O relatório destaca, ainda, que “membros da Comissão Independente de Gestão da Investigação da Eletrobras, a Cigi, além de serem remunerados pelos serviços que prestavam, foram reembolsados por colaborações adicionais. Entre eles: Ellen Gracie Northfleet (ex-presidente da Supremo Tribunal Federal), Durval José Soledade Santos (ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários) e Júlio Sérgio de Souza Cardoso”. .

“O relatório de inspeção listou 53 responsáveis e sugeriu que todos sejam ouvidos. Na caçamba, entraram executivos e membros dos conselhos da Eletrobras, bem como os sócios e diretores das empresas contratadas. O documento é apenas um ponto de partida para o julgamento. Está longe de ser um veredito e a memória das decisões do Tribunal de Contas tem pelo menos um horrível esqueleto. Em 2017 o TCU congelou os bens dos conselheiros da Petrobras numa decisão absurda, com um lance de amnésia seletiva”, completa Gaspari.

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