“Estamos caminhando para o Estado de Exceção”, diz Dilma sobre ministro

dilma rousseff


 A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) usou nesta segunda-feira (26) as redes sociais para criticar a revelação feita nesse domingo (25), em Ribeirão Preto (SP), peloministro da Justiça, Alexandre de Moraes, de que uma nova fase da Operação Lava Jato ocorreria esta semana. Dilma afirma, no início da série de postagens, que o País vive “uma situação grave” e faz uma série de críticas à declaração de Moraes dada durante um evento político na cidade do interior paulista. Em seguida, a ex-presidente lembra da prisão do ex-ministro Antonio Palocciocorrida hoje e encerra com a avaliação de que “estamos caminhando para o Estado de Exceção”.

“O anúncio de nova fase da Lava Jato pelo ministro da Justiça num palanque eleitoral, em plena atividade de campanha em Ribeirão Preto, na véspera da prisão de Antônio Palocci, lança suspeitas de abuso de autoridade e uso político da Polícia Federal”, relatou a presidente. “Se tal situação tivesse ocorrido em meu governo, seríamos duramente criticados pela imprensa e pela oposição”, completou a ex-presidente em uma série de posts no Twitter e reproduzida no Facebook.

 

As declarações de Moraes a representantes do Movimento Brasil Limpo, reproduzidas ontem com exclusividade pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, fizeram com que o presidente Michel Temer o convocasse para uma conversa hoje no Planalto para dar explicações. Moraes, entretanto, está em São Paulo e só iria para a capital federal nesta terça-feira (27) pela manhã. De acordo com interlocutores do presidente, “pegou muito mal” a declaração de Moraes por diversas razões e por isso Temer o convocou para essa reunião. A negativa para a reunião também não foi vista com bons olhos pelo Planalto.

Deputados do PT

Parlamentares petistas querem convocar o ministro da Justiça para prestar esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados sobre as declarações desse domingo. Os deputados Paulo Teixeira (SP) e Paulo Pimenta (RS) protocolaram nesta segunda-feira na CCJ um requerimento convocando Moares. O argumento é que o ministro incorreu em crime ao anunciar a operação. “Antecipar informação privilegiada e, sobretudo, sigilosa é um ato criminoso e demonstra a interferência do Ministério da Justiça nas operações”, afirmaram.

Na manhã desta segunda-feira, a PF prendeu o ex-ministro Antonio Palocci, que comandou a Fazenda em governos do PT. A declaração de que haveria uma nova fase da Operação Lava Jato esta semana foi antecipada em discurso eleitoral por Moraes, que é filiado ao PSDB, durante comício do tucano Duarte Nogueira, em Ribeirão Preto (SP), domicílio eleitoral de Palocci.

Para os parlamentares, a declaração de Moraes coloca em cheque o princípio de independência entre Poder Executivo e Polícia Federal (PF) e configura o uso eleitoral da corporação. “A seletividade comprova que a Operação Lava Jato virou instrumento de luta política contra os adversários do governo Temer”, acrescentaram .

Para que o ministro seja convocado, é necessária a aprovação do requerimento por maioria simples dos integrantes da comissão, desde que estejam presentes metade mais um dos 66 membros do colegiado
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