‘Estamos vivendo momentos estranhos’, desabafa Dado Villa-Lobos sobre atualidade

A Legião Urbana é um grupo que marcou uma geração nos anos 1980 e ainda consegue passar mensagens importantes nos dias de hoje, já que suas músicas são atemporais e conversam com os acontecimentos da atualidade. A banda encerra em Salvador, neste domingo (27), sua turnê de 30 anos dos álbuns “Dois” e “Que País é Este?”, lançados, respectivamente, em 1986 e 1987. 

 

Com músicas como “Faroeste Caboclo”, “Índios”, “Tempo Perdido” e “Eduardo e Mônica”, Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria), se juntam a André Frateschi no vocal, a guitarra e violão de Lucas Vasconcellos, os teclados e programações de Roberto Pollo e o baixo de Mauro Berman para se apresentar na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, às 19h. 

 

“Salvador tem um astral muito específico, é muito Salvador, é muito bom chegar aí, e espero que isso que eu estou mentalizando aconteça tudo de novo, porque é uma experiência muito boa!”, destaca Dado Villa-Lobos ao Bahia Notícias.  

 

Apesar de estar feliz com a resposta do público em relação ao show e de voltar mais consciência ao palco para tocar as músicas dos dois álbuns, o guitarrista confessou ficar triste por interpretar “Que País é Este?”, já que é uma canção que vem sendo utilizada por manifestações de diferentes vertentes aqui no Brasil. Um exemplo é a utilização pela extrema direita ao buscar uma ruptura da democracia. 

 

“Eu vejo que essas ações da extrema direita elas só pensam, na verdade, elas são ações puras e simplesmente de mídia. ‘Como a  gente vai fazer alguma coisa acontecer? Eu vou usar meu Twitter, meu Instagram, meu Facebook, e por aí vai, e vamos lá vamos tocar Que País é Este?, ela está servindo…’.  É uma triste verdade que cabe para qualquer discurso, mas que no fundo, no fundo na gente, quando essa música foi feita no Aborto Elétrico com Renato Russo, éramos jovens anarquistas, digamos assim. Eu sinceramente acho patético, enfim, eu fico muito triste de até cantar essa música, porque já deu. Mas a extrema direita com seu discurso homofóbico, extremamente violento partidário e exclusivista, não tem valor pra mim,quer dizer não tem nada a dizer, esses caras só pensam em gerar notícias, e notícias sem argumentos, não há mais argumentos, como: ‘vamos buscar então um argumento, canta aí Que País é Este?’,entende? Porque ali não existe ideia e argumentação válida que diga e fale pra pessoas esclarecidas. É triste. Estamos vivendo momentos estranhos, no mundo todo. Mas é isso aí”.  

 

Na entrevista, o artista ainda fez uma análise sobre a atemporalidade da Legião, o amadurecimento do grupo com o passar dos anos e ainda deu esperanças aos fãs sobre uma nova turnê para celebrar o álbum “As Quatro Estações (1989)”. “É um disco que tem uma força muito grande pra gente, foi o começo de um novo ciclo da Legião […] ele abriu novas portas, novas percepções musicais, então a ideia seria fazer”. 

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