Estudo sobre “nova cloroquina” defendida por Bolsonaro tem indícios de fraude

Medicamento foi testado em estudo com indícios de mortalidade alta entre voluntários

Em live transmitida no último dia 1º, o presidente Jair Bolsonaro citou um estudo sobre o bloqueador hormonal proxalutamida, novo medicamento defendido por ele contra a Covid-19, que tem suspeitas de falhas graves e possíveis fraudes, segundo reportagem de Malu Gaspar, no jornal O Globo.

A substância, que ainda não tem eficácia comprovada contra a doença, foi testada em um estudo que tem indícios de ter deixado uma quantia expressiva de voluntários morrerem ao longo do trabalho.

Parte dos resultados da pesquisa foi apresentada em uma entrevista coletiva transmitida pela internet no último dia 11 de março, conduzida pelo médico Luis Alberto Nicolau, dono do grupo de hospitais Samel, do Amazonas.

Na apresentação, havia o dado de que, dos 590 voluntários, 294 receberam a substância e 296, um placebo. Teriam ocorrido 12 mortes entre os que tomaram o remédio e 141 óbitos entre os que não tomaram. A diferença configura uma eficácia de 92,2% para a proxalutamida.

Especialistas consultados na reportagem apontam, no entanto, que a taxa de mortalidade de 47,5% é muito alta e defendem que o estudo seja interrompido. “Com essa taxa de eficácia, com 40 participantes eu já teria 10 mortes no grupo placebo e apenas uma entre os pacientes que tomaram o remédio. Então para que continuar até os quase 600 voluntários e esperar que morressem quase 150 pessoas?”, questionou Mauro Schechter, infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Outra suspeita em relação ao estudo foi o tempo curto de coleta de dados. Os dados dos voluntários foram coletados entre 2 de fevereiro e 22 de março, prazo rápido para uma pesquisa do tipo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *