Ex-secretário que ‘criou’ Odorico Tavares lamenta fim da escola: ‘Tinha demanda’

Por Bruno Leite
Ex-secretário que 'criou' Odorico Tavares lamenta fim da escola: 'Tinha demanda'

Foto: João Pedro Pitombo

Inaugurado em 1994, durante o governo de Antônio Carlos Magalhães, na região da Vitória, o Colégio Estadual Odorico Tavares começou a funcionar a todo vapor apenas no ano seguinte, sob a gestão do então governador César Borges. Gestor da Secretaria Estadual de Educação na época em que a escola deu os “primeiros passos”, Edilson Souto Freire lamentou a destinação dada ao governo do estado para a instituição que ele viu “nascer”.

“Ele era um colégio que tinha êxito de demanda, as pessoas o procuravam muito, principalmente por conta da localização, e pela necessidade que as famílias daquela área da Vitória, do Centro, de Nazaré tinham em ter um colégio de boa qualidade, na órbita do ensino público”, argumentou o professor. O principal argumento para encerramento das atividades do colégio é a baixa procura, que reduziu o número de matrículas ao longo dos últimos anos. De acordo com o governo baiano, a venda da área atualmente ocupada pela unidade escolar vai proporcionar a construção de equipamentos similares em bairros da periferia.


Professor Edilson Freire | Foto: Reprodução / Facebook

Enquanto Freire esteve na pasta, outros grandes complexos de ensino como o Colégio Estadual Thales de Azevedo, no Costa Azul, e a rede de Colégios Modelo Luís Eduardo Magalhães – espalhada por 17 cidades da Bahia e construída com recursos da privatização da Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia) – foram implementados. Todos com alta procura e seleções mediante realização de sorteio eletrônico, de acordo com relato do ex-secretário.

Citando exemplos de projetos, como a reformulação do ensino médio e profissional dos tempos do carlismo, Freire arrisca sugerir uma consequência para a atual política educacional baiana. “A Bahia não está bem situada no ranking nacional de jeito nenhum em relação ao ensino médio”. O estado ocupa a última posição no ranking do ensino médio no Ideb. Este motivo seria, para ele, a causa do esvaziamento de instituições, no interior e na capital.

Sobre uma possível retaliação ao modelo de educação idealizado à época em que ele foi secretário da pasta, o professor, hoje afastado da máquina pública e aposentado, disse que prefere não acreditar na possibilidade. “Não sei se foi uma coisa proposital para fazer o ‘desfazimento’ desse projeto. O que sei é que existem empresas e incorporadoras interessadas naquela área. É o que eu sei pela imprensa”, complementou, sugerindo que uma boa alternativa seria a cessão do prédio para a prefeitura, que “poderia utilizar bem, para o ensino infantil e para o ensino fundamental”.

“Sinto muito pelo fechamento do Odorico Tavares e fico preocupado pelo fechamento de outros colégios no interior do estado”, finalizou Edilson. A autorização para a venda da área onde funcionava o colégio na Vitória está em tramitação na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) e tramita em regime de urgência. (BN)

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