Com 100 dias de distância para a Copa do Mundo, a seleção brasileira vê em seu principal trunfo uma incerteza. Em recuperação após cirurgia realizada no último sábado, o atacante Neymar tem retorno previsto para as vésperas da competição, entre os meses de maio e junho. O longo tempo de volta se deve a uma entorse no tornozelo associada à fratura do quinto metatarso do pé direito, região operada pelo médico da seleção Rodrigo Lasmar. A contusão, ocorrida em partida do Paris Saint-Germain contra o Olympique de Marselha pelo Campeonato Francês, deixa em alerta o técnico Tite. Uma prova disso foi o adiamento da convocação para os amistosos contra Rússia e Alemanha, transferida da última sexta-feira, dia 2, para o próximo dia 12.

Os jogos ocorrem nos dias 23 e 27 de março e serão as últimas oportunidades do treinador avaliar o grupo que levará para Copa. A justificativa da mudança foi a necessidade de mais tempo para observar atletas sem condições de atuar. Isso porque, o camisa 10 não é o único brasileiro a ficar de molho pouco antes do Mundial. O atacante Gabriel Jesus, do Manchester City, contundiu o ligamento do joelho esquerdo no fim de 2017 e só voltou aos gramados em fevereiro, depois de dois meses de tratamento. Na mesma partida em que Neymar saiu lesionado, seu companheiro de time Marquinhos sofreu uma contusão de grau um na perna esquerda. Já o lateral-esquerdo Marcelo, do Real Madrid, retornou no início deste mês após dez dias de recuperação por conta de um desconforto muscular na perna direita.

Todos estes nomes foram confirmados em entrevista concedida recentemente pelo comandante do time verde e amarelo. Mas, essa mesma aflição já acompanhou a torcida brasileira em preparações para outros mundiais do passado.

Em 1958, na Copa da Suécia, Pelé saiu machucado de um amistoso apenas 18 dias antes da estreia da seleção. Na época, o rei só entrou nas oitavas de final para dar o primeiro título ao Brasil. Já em 1970, no México, o goleiro Rogério deu lugar a Emerson Leão após contusão. No mundial de 1982, outro artilheiro se machucou às vésperas: Careca. A lesão muscular na coxa esquerda aconteceu em um treinamento quatro dias antes da estreia e impossibilitou a participação do atacante no torneio. Roberto Dinamite foi chamado para seu lugar. Em 1986, corte duplo. O zagueiro Mozer e o volante Toninho Cerezo não resistiram às contusões e ficaram de fora da Copa no México.

O lesionado em 1994 foi o zagueiro Ricardo Gomes, substituído de última hora por Ronaldão, que levantou o tetra nos Estados Unidos. Outro craque de peso também viveu a mesma situação de Neymar. Com dores na panturrilha direita, Romário foi cortado e o técnico Zagallo convocou o volante Emerson na Copa de 1998. O Baixinho foi aos prantos ao anunciar o corte e, depois, afirmou ter condições de atuar na decisão.

Com início agendado para o dia 14 de junho, a Copa terá Rússia e Arábia Saudita como jogo de abertura pelo Grupo A. Cabeça de chave do Grupo E, a seleção brasileira começa a disputa no dia 17, em confronto diante da Suíça, em Rostov. Costa Rica e Sérvia serão os outros adversários na primeira fase da competição.