Hospital em Alagoas tem superlotação e grávidas no chão

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Com grávidas no chão dos corredores e uma recepção para triagem lotada, a Maternidade Escola Santa Mônica, no Poço, em Maceió, registra mais um dia de caos. De acordo com a diretora-médica, Danielle Bulhões, a unidade atende 50% além de sua capacidade neste sábado (21).

A superlotação, segundo ela, teve o início no começo da semana e se agravou hoje. “Na noite da terça-feira o plantão já foi muito difícil. Não tínhamos leitos para colocar as grávidas. Daqui a pouco não teremos mais nem lençol e chão para alojar estas mulheres. Estamos com as duas salas de partos ocupadas, e se alguém entrar em trabalho de parto agora será muito complicado”, disse a diretora.

De acordo com Daniella, o problema foi provocado pelo fechamento das maternidades de risco habitual que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na noite de ontem. Como as gestantes não encontram leitos em outras unidades, recorrem a Santa Mônica, que deveria atender apenas gestantes de alto risco.

A paciente Carla Rayana conta ter chegado às 8h na Santa Mônica, e até as 10h40 de hoje não sabia quando receberia atendimento. “Minha gravidez é de risco, pois estou com muito líquido [amniótico]. Disseram para eu vir aqui, mas ninguém me disse que horas eu terei meu parto”, relatou.

Maria Aparecida Pereira também está há horas na sala de espera da maternidade sem ter previsão de quando será atendida. Sentindo fortes dores, ela disse ter feito um exame que identificou um mioma uterino. “A médica veio olhar como eu estava, mas ainda não pode me atender”, completou.

Diretora critica remuneração por produtividade

Para a diretora-médica da Santa Mônica, o fechamento das maternidades que atendem pelo SUS está diretamente ligado ao pagamento da remuneração por produtividade aos obstetras, denominada tipo 7.

De acordo com Daniela, com o pagamento por procedimento realizado, médicos agendam uma grande quantidade de cesáreas para um único dia. Com todos os leitos ocupados, as maternidades fecham as portas e são incapazes de atender a livre demanda.

“Os médicos agendam 10, 15, 20 cesáreas para fazer, pois recebem por produtividade. Se a maternidade realiza esses partos, os leitos ficam ocupados. E a livre demanda? E o paciente que chega parindo? Acaba sendo mandado para a Santa Mônica”, reclamou.

O fim dessa remuneração e uma maior atenção dos gestores públicos para a maternidade escola são algumas das soluções apontadas pela diretora para melhorar o atendimento às gestantes. “Todo final de semana a situação [superlotação] se repete”, lamentou. (Renée Le Campion/TNH1)

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