Impeachment será tema de livros escritos por quem participou do processo

BRASÍLIA — Não faltam visões pessoais sobre o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e, também, sobre a Operação Lava-Jato. E nos próximos meses, as prateleiras das livrarias devem ficar repletas de obras de pessoas que participaram direta ou indiretamente do processo. Um dos principais aliados de Dilma, o ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante deverá se dedicar à publicação de uma obra sobre o período que antecedeu o impedimento da ex-chefe.

Ainda em fase preliminar, a ideia de Mercadante é lançá-lo no ano que vem. A ex-presidente também avalia a possibilidade de se lançar no mundo editorial, mas ainda digerindo o afastamento e atuando em campanhas municipais, o projeto está em stand by.

A primeira obra a chegar às livraria provavelmente será a do jornalista Rodrigo de Almeida, ex-secretário de Imprensa da petista. A obra prevista para novembro, descreverá o emaranhado de crises sucessivas que a ex-chefe se envolveu a partir da vitória sobre o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, em outubro de 2014.

— A certa altura, nos víamos como Sísifo: como no mito, parecia que conseguiríamos levar uma grande pedra ao topo da montanha e ser vitoriosos, mas outra crise chegava e a pedra rolava montanha abaixo — conta Almeida.

Segundo ele, não é um livro sobre os bastidores ou fofocas de dentro do Palácio do Planalto, de onde acompanhou diariamente Dilma. E, sim, um relato sobre o fim do governo da petista e como ela reagia a cada novo problema. A publicação ainda não tem um título e será lançada pela editora Leya, a mesma que publicou recentemente o livro do ex-presidente do Ipea Jessé Souza, “A radiografia do golpe — Entenda como e por que você foi enganado”.

Fase preliminar. Mercadante prepara obra sobre período que antecedeu o impeachment: lançamento ano que vem – Jorge William/8-10-2015

No mesmo mês de novembro, também deve ser lançado um livro do advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, com uma compilação de textos jurídicos de vários autores. O objetivo, neste caso, é discutir as “garantias fundamentais” que, na opinião do advogado, estão sendo violadas nas apurações contra o ex-presidente na Lava-Jato.

Outro que partilhou da rotina de Dilma e que pretende lançar uma publicação é o fotojornalista Roberto Stuckert Filho, que esteve com a petista de 2010 até seu último dia no Palácio da Alvorada, registrando todas as imagens dessa trajetória.

Já anunciado para lançamento em dezembro próximo, o livro do presidente cassado da Câmara, Eduardo Cunha, contará os bastidores das negociações no Congresso e entre os partidos que levaram ao afastamento da petista. O ex-deputado já começou a escrever a obra e negocia com pelo menos quatro editoras, entre elas a gigante multinacional Amazon e a Matrix, que recentemente publicou um livro do ex-delegado Romeu Tuma Júnior.

Cunha quer manter o mistério e a “curiosidade” sobre o teor do livro. Mas, no dia de sua cassação, disse que iria registrar todos os diálogos sobre o tema. Cunha garantiu que não gravou as conversas, pois seria contra esse tipo de artifício. Na ocasião, disse que não era uma “pessoa de fazer ameaças veladas”, mas a expectativa criada é justamente em torno dos segredos que o ex-presidente da Câmara teria.

 

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