Itália tem funerais e dia de luto por vítimas de terremoto

De acordo com a Efe e France Presse, o número de mortos chega a 290.
Em ginásio, transformado em capela, 35 caixões foram colocados no chão. 

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, esteve em funeral de vítimas do terremoto que atingiu cidades do centro da Itálianside a gym in Ascoli Piceno (Foto: Italian Presidency Press Office/Handout via REUTERS )
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, esteve em funeral de vítimas do terremoto que atingiu cidades do centro da Itália (Foto: Italian Presidency Press Office/Handout via REUTERS )

A Itália homenageia neste sábado (27) as vítimas do terremoto que devastou várias cidades do centro do país, com funeral solene e um dia nacional de luto. De acordo com as agências Efe e France Presse, o número de mortos chega a 290.

A maior parte das mortes, 230, segundo a Efe, aconteceram em Amatrice, na região do Lácio, e que foi a cidade mais afetada pelo terremoto de 6,2 graus na escala aberta de Richter.

A cerimônia, realizada na cidade de Ascoli Piceno, teve a presença do presidente, Sério Mattarella, e do primeiro-ministro, Matteo Renzi, bem como de familiares, amigos e parentes das vítimas de Arquata del Tronto, uma das aldeias devastadas pelo terremoto de quarta-feira (24), além de pessoas que participam dos trabalhos de resgate e assistência às vítimas.

A cerimônia foi realizada no ginásio esportivo ao lado do Hospital Mazzoni, em Ascoli Piceno, uma cidade situada não muito longe da tragédia.

No ginásio, transformado em uma capela, 35 caixões foram colocados no chão.

Entre eles, um branco, com a garota Giulia, de 9 anos, que morreu protegendo o corpo de sua irmã, Giorgia, 5 anos, uma das últimas pessoas resgatadas com vida dos escombros em Pescara del Tronto.

“Nossos sinos tocando de novo”, gritou o bispo Giovanni D’Ercole durante a missa funeral com a presença de centenas de pessoas.

Algumas famílias decidiram não participar da missa e preferiram enterrar seus mortos em privacidade.

Poucas horas antes da cerimônia, o presidente Mattarella visitou a pequena aldeia de Amatrice.

As equipes de resgate trabalharam durante a noite e resgatou três corpos sob os aglomerados de pedra do Hotel Roma, onde dormiam 50 pessoas no momento da tragédia. No total, segundo a Reuters, nove corpos foram resgatados neste sábado.

Mattarella elogiou “o esforço extraordinário” que as equipes de resgate têm feito na “zona vermelha”, onde os meios de comunicação não têm acesso e onde só restam ruínas.

Outra cerimônia, sem os corpos das vítimas, foi organizada na quarta-feira para homenagear as vítimas de Accumoli e Amatrice.

Mais de 1.300 tremores secundários foram registrados desde o início de quarta-feira, causando pânico entre os sobreviventes e socorristas que temem novos deslizamentos de terra.

A ponte que conduz a Amatrice foi fechada na sexta-feira (26) depois de apresentar novas rachaduras, forçando as equipes de resgate a fazer um desvio e impedir que a vila fique completamente isolada.

De acordo com dados de satélite do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV), o chão cedeu cerca de 20 centímetros.

Muitas das vítimas eram turistas e crianças que passavam férias com os avós, que vivem na região.

A Proteção Civil anunciou que cerca de 2.500 pessoas ficaram desabrigadas e estão dormindo nas 42 tendas instaladas.

Mais funerais serão realizados nos próximos dias, incluindo Roma – cerca de 50 mortos moravam na capital.

Autoridades divulgaram os nomes de 181 vítimas. O mais novo tinha 5 meses de idade, e o mais velho, 93. Seis romenos, três britânicos, uma mulher espanhola, um canadense e um albanês também morreram na tragédia, segundo a Reuters.

A Itália se situa em duas linhas de falha, tornando-se um dos países com maior atividade sísmica da Europa. Quase 30 pessoas morreram em terremotos no norte da Itália, em 2012, enquanto mais de 300 morreram na vizinha cidade de L’Aquila em 2009.

Depois da tragédia, Itália questiona o custo humano dos terremotos e da falta de uma política para evitá-los.

Mais de 24 milhões de italianos vivem em área de risco sísmico e o país carece de uma cultura de prevenção, que foi reconhecida pelo próprio governo.

A maioria dos edifícios na zona do terremoto não tinha nenhuma proteção anti-sísmica, mas mesmo alguns que tinham, incluindo uma escola em Amatrice, que foi reformada em 2012, ficou destruída.

Magistrados abriram uma investigação sobre alguns dos incidentes, incluindo o colapso de um campanário na cidade de Accumoli, que destruiu o telhado de um edifício adjacente, matando uma família de quatro pessoas.

“O que aconteceu não pode ser considerado apenas destino”, disse o promotor Giuseppe Saieva, que está conduzindo a investigação. “Se estes edifícios tivessem sido construídos como os Japão, eles não teriam entrado em colapso”, disse ao jornal La Repubblica.

Equipes trabalham em resgate de vítimas sob os escombros em Amatrice (Foto: Ciro de Luca/Reuters)Equipes trabalham em resgate de vítimas sob os escombros em Amatrice neste sábado (Foto: Ciro de Luca/Reuters)

 

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