João Vaccari e a ‘conta corrente’ do pixuleco

Por: Robson Bonin

Na República do Pixuleco, o tesoureiro do PT, João Vaccari, tinha uma conta administrada pela empreiteira UTC
Na República do Pixuleco, o tesoureiro do PT, João Vaccari, tinha uma conta administrada pela empreiteira UTC

O dono da UTC entregou muito dinheiro em espécie nas mãos de João Vaccari Neto. Precisamente 3,9 milhões de “pixulecos” – como o ex-tesoureiro do PT chamava as propinas que recebia. Os detalhes estão na planilha identificada como “JVN-PT”, na qual o empreiteiro registrou as datas e os valores de onze repasses feitos ao tesoureiro entre 2008 e 2013. Ricardo Pessoa contou aos investigadores que começou a pagar propina a Vaccari depois que a Petrobras iniciou uma série de grandes investimentos no setor de óleo e gás. “A partir daí (2007), todas as obras licitadas na Petrobras passaram a representar ‘motivo’ para novas e grandes contribuições políticas ao PT e ao PP, partidos diretamente ligados às nomeações das diretorias”, informou Pessoa. O delator fez ainda uma anotação de próprio punho que não deixa dúvida sobre a natureza do documento: “caixa 2”. Ou seja, Vaccari mantinha um caixa dois dentro do caixa dois do PT.

A JVN-PT era a conta que o tesoureiro tinha na UTC para bancar suas despesas de varejo. Preso há quase três meses em Curitiba, João Vaccari, o Moch, referência à sua inseparável mochila preta, mantinha negócios escusos com vários empresários, mas com Ricardo Pessoa as relações beiravam a camaradagem. O empreiteiro contou que repassou 15 milhões de reais ao tesoureiro. O pagamento foi condição para que a UTC ingressasse no consórcio escolhido pela Petrobras para construir o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Pessoa narrou aos investigadores que pagava propina ao PT “de modo contínuo”, por meio de doações oficiais e também de repasses clandestinos. Era tanto dinheiro que o delator mantinha em seu computador uma planilha exclusiva para registrar o fluxo dos recursos. Dessa conta-propina também saíam os “pixulecos” para manter o luxo de alguns dirigentes do partido, como se verá a seguir.

As planilhas apresentadas à Justiça pelo empresário Ricardo Pessoa mostram transferências no valor de 3,9 milhões de reais a João Vaccari. Mas havia mais...
As planilhas apresentadas à Justiça pelo empresário Ricardo Pessoa mostram transferências no valor de 3,9 milhões de reais a João Vaccari. Mas havia mais…(VEJA.com/VEJA)

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