O jornalista Ricardo Cappelli assina artigo no Congresso em Foco sobre uma jogada que considerou inteligente, apesar de aparentemente suicida, de Sergio Moro contra o governo Bolsonaro. Na semana passada, o ex-juiz da Lava Jato que tem sido humilhado pelo presidente e ameaçado por CPI e Vaza Jato, sacou uma operação da Polícia Federal contra o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra.
Logo de cara, o bolsonarismo e o lavajatismo entraram em guerra nas redes. De outro lado, Moro deixou Bolsonaro numa saia justa. Setores da imprensa alinhados com o governo tiveram de rebolar para explicar como o candidato eleito presidente com o discurso “anti-sistema” entregou a liderança de seu governo para um ex-ministro de Dilma Rousseff, a quem ofende sempre que tem a oportunidade?
Certo é que Moro, alvejado de todos os lados e com a estabilidade do cargo questionada, partiu para o contra-ataque. “Desgastado pela Lava Toga e humilhado pelo Capitão, o ministro da Justiça se pintou para a guerra. Ao roubar a bandeira anti-sistema para si, dobrou a aposta e mandou o Bolsonarismo para o divã”, anotou Cappelli.
“Que tal ser demitido após iniciar uma nova campanha contra políticos corruptos? Que tal ser expelido por defender a autonomia da PF? (…) Moro botou sua cabeça na guilhotina e implorou ao Capitão pela ordem ao carrasco. Seria sua glória, uma espécie de nova santificação do líder da República de Curitiba”, destacou.
Ousada, a jogada de Moro “fez o bolsonarismo entrar em parafuso. Olavo de Carvalho, percebendo a confusão causada pela perda da bandeira, fez um chamado por apoio cego e acrítico.”
“É cedo ainda para afirmar qual será o desfecho. O Marechal da Lava Jato e o Capitão fecharão um acordo? Seguirão na escalada de ameaças apostando no rompimento?”, indagou o jornalista.
Por hora, basta perceber que Moro é “cada vez mais candidato. Tem calibre para enfraquecer Bolsonaro e embaralhar o jogo na oposição.”