Jogador que mais atuou pelo Atlético-MG no ano, Igor Rabello reencontra o Botafogo

Igor Rabello reencontra o Botafogo neste domingo
Igor Rabello reencontra o Botafogo neste domingo Foto: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO-MG
Gustavo Loio

Revelado nas divisões de base do Botafogo, Igor Rabello cultiva o sentimento de gratidão pelo ex-clube, de onde saiu no início do ano. E quando voltar a enfrentá-lo neste domingo, pelo Atlético-MG, o zagueiro deve rever um filme na cabeça.

Em 2014, então defendendo o alvinegro carioca, Igor foi campeão do Torneio de Valência, pela seleção sub-20. Como não poderia deixar de ser, ele sonha não apenas em um dia vestir a camisa amarelinha no time principal, apesar de reconhecer que a concorrência é grande, mas em vencer uma Copa do Mundo. Para ele, o melhor jogador em sua posição no futebol mundial atualmente é o holandês Vin Dijk, que atua no Liverpool.

Fã dos ex-zagueiros Mauro Galvão, Maldini e Gamarra, o camisa 16 é quem mais jogou pelo Atlético-MG em 2019: 44 vezes. Muitas delas no Horto, onde o zagueiro diz que chega a se emocionar com os cantos da torcida. E Rabello está otimista quanto à reação no Brasileiro e ao título da Sul-Americana. Na semifinal, a equipe enfrenta o Colón, da Argentina.

Aliás, foi no torneio continental que o jogador revelado pelo Botafogo reencontrou o ex-clube pela primeira vez, em julho.

Como foi reencontrar a torcida e os jogadores do Botafogo na Sul-Americana?

Foi muito especial. Não só a torcida e os jogadores, mas muita gente que trabalha nos bastidores também, em todas as áreas. São pessoas com as quais criei uma amizade fora de campo. Desde que eu estava no caminho para o jogo, mesmo muito concentrado para a partida, passava um filme na minha cabeça, com muita emoção. É complicado ficar pensando nisso, pois vivi muita coisa no Botafogo. Muita gente só fala dos momentos bons, mas quem esteve comigo desde o início da minha trajetória, família, amigos mais próximos, sabe o quanto foi difícil me tornar um jogador profissional do Botafogo.

Quais os melhores momentos que você viveu no Botafogo?

Não foi só o título estadual (2018), chegar às quartas de final da Libertadores (2017). Tiveram muitos obstáculos que superei junto com essas pessoas. Sou muito grato a todos que estão no Botafogo, pois foram muito importantes para mim. Saí do clube da melhor maneira possível, com uma venda que o ajudou, com muitas amizades , e com um título no Maracanã. Foi um sonho realizado.

Como está sua expectativa para o jogo deste domingo?

De ansiedade para fazer uma boa partida. A gente não vem tão bem no Brasileiro, mas vamos com o objetivo de dar a volta por cima. Espero que possamos repetir o resultado da Sul-Americana.

Você trabalhou com Jair Ventura, no Botafogo, e agora com Rodrigo Santana. Dá pra comparar o estilo dos dois técnicos?

São excelentes tanto como pessoa quanto profissional, eles compreendem os novos estilos de jogo, entendem os atletas, como conversar e lidar no dia a dia. Às vezes não só o trabalho tático e técnico são importantes, mas sim saber conviver com seus atletas. São bem parecidos e eu torço muito para que ambos cheguem muito longe na carreira.

E você vê semelhanças entre ter trabalhado com Carli e, agora, com Réver?

Consigo me relacionar muito bem com as pessoas, não só com meus companheiros de zaga, como com qualquer pessoa de qualquer grupo que já trabalhei. Busco escutar muito, pois são experientes, entendem muito do que acontece durante os treinos e as partidas. O Carli é um cara que tem todo o meu respeito, com uma amizade que foi criada dentro de campo e que eu levo para fora dele. Ele brinca que quando ele não fala, não consegue jogar. Por isso está a todo momento falando, dando informação e orientando os companheiros. E eu vejo isso tudo também no Réver. É uma pessoa que eu comecei a trabalhar esse ano, mas já temos um entrosamento muito grande. É uma troca dentro e fora de campo, pois conversamos a todo momento e isso facilita o nosso trabalho dentro de campo. São alguns detalhes que, com o tempo, a sintonia acontece e às vezes, com um assobio, você já sabe o que seu companheiro de zaga quer. Sou muito feliz por ter trabalhado com dois profissionais desse porte.

Qual a importância da torcida do Galo pra você hoje?

A torcida do Atlético é incrível. Eles mesmos sabem o poder que têm. Sempre comparece em peso, que cobra bastante da gente e que nos dá apoio também. Acho que a cobrança positiva, no intuito de ajudar, faz bem para o time. É uma paixão imensa pelo clube e quando a gente joga no Horto é extraordinário poder ver a torcida cantando, que chega a emocionar. A torcida sabe que se jogar junto com a gente, dificilmente nos baterão em casa. Cheguei com uma expectativa muito grande, por ser a contratação mais cara do clube, e acho que tiveram umas críticas acima do tom, mas que são normais no futebol, por mais que ache errado. Mas busco pegar as críticas construtivas para me fazer evoluir.

Até que ponto é um estímulo a mais ter a chance de ganhar um título internacional neste ano, na Sul-Americana?

Todo jogador pensa em título, em conquistar coisas grandes para o clube. E um título internacional seria marcante para todos nós. Então a cada dia que passa a expectativa fica maior para conquistar essa Sul-Americana. Cheguei no Atlético pensando em coisas grandes, em conquistar títulos para a torcida. Infelizmente não tivemos êxito na Libertadores, mas estamos dando a vida na Sul-Americana, que também é um grande torneio, para ficar com esse troféu.

Qual seu melhor momento no Galo até agora?

Acho que o jogo contra o Goiás, na casa deles, eu fiz um trabalho defensivo muito bom, ajudando o time a conquistar um ponto fora de casa. É difícil apontar só uma partida, pois a evolução é constante. O jogo contra o La Equidad também foi muito bom, e acho que a tendência é cada vez mais o meu desempenho evoluir.

Como se sente em ser o jogador do Atlético que mais entrou em campo na temporada, repetindo o desempenho que teve pelo Botafogo ano passado?

Isso faz muita diferença para mim, pois procuro me cuidar o máximo possível, cuidar do meu corpo, que é meu instrumento de trabalho. Ser formado em Educação Física me ajuda muito nisso. Não gosto de ficar fora dos jogos, fico agoniado em não poder ajudar minha equipe. Quando o treinador fala que vai poupar a equipe, peço para jogar, pois me sinto bem. Ano passado, atuei em 61 de 62 jogos do Botafogo na temporada. Esse ano quero chegar, pelo menos, aos 65 jogos. Sou um cara que gosta de desafios, de bater recordes, e me cuido para estar sempre presente e ajudar o Atlético a conquistar os objetivos.

Como foi ganhar o Torneio de Valência pela seleção sub-20, em 2014? Está nos seus planos a seleção principal? Como você avalia a concorrência por uma vaga na sua posição?

Experiência muito boa na seleção sub-20, pois a maioria já atuava no profissional de seus clubes e eu ainda estava na base. O gol contra a Argentina na semifinal e o título do torneio coroaram esse momento. Com certeza vestir a camisa da seleção brasileira profissional é um objetivo que tenho na carreira. Não só ser convocado, como conquistar uma Copa do Mundo. Acho que é uma concorrência muito forte para a posição, com grandes jogadores disputando as vagas, mas sei que a convocação é conseqüência de um trabalho realizado no clube. Então meu foco está no Atlético, em ser campeão da Sul-Americana para, se aparecer a oportunidade de ser chamado pelo técnico Tite, agarrar com todas as forças.

Quais seus hobbies preferidos?

Gosto mais de sair para bons restaurantes, experimentar comidas diferentes, e viajar para conhecer novos lugares e relaxar.

Como foi conciliar os treinos com as duas faculdades que você concluiu?

Quando ingressei na faculdade, treinava de tarde e as aulas eram à noite. Saía direto do treino, pois era perto de casa. A primeira faculdade que cursei foi a de licenciatura em Educação Física, que consegui concluir em três anos. Eu já pensava que seria difícil, pois eu estava no sub-20, subindo às vezes no profissional, e podendo surgir algum empréstimo para outro clube, que poderia atrapalhar os estudos. Mas isso tudo foi passado para a coordenação e para os professores, que entendiam o meu lado, pois quando não havia empecilho, nunca deixei de ir às aulas e me dedicar aos estudos.

Qual a importância dos estudos pra você?

Acho que o estudo, o conhecimento, é algo fundamental para a nossa vida. Tenho na família o DNA de professores, com minha mãe e minha irmã atuando na área, e isso sempre esteve na minha cabeça.

Qual a importância da leitura no seu dia a dia e qual seu estilo de livro preferido?

É muito importante. A gente arruma um tempo quando está viajando, na concentração. Acho que o que falta na maioria é a busca pelo livro que se encaixe no seu perfil. Eu gosto mais de auto-ajuda, pois é bom para a reflexão sobre a nossa vida, sobre como nós estamos nos posicionando, e parece que você está conversando com um amigo.

Como surgiu o apelido de General?

Quando eu atuava pelo Náutico. Era o início da minha carreira como profissional, e sou muito grato ao clube por ter me dado essa oportunidade de mostrar meu futebol. Quando fiz um gol muito importante para a equipe, que colocou a gente no G4, no último minuto no jogo, contra o Ceará, e fiz a comemoração batendo continência, pois já tinha visto isso em outro lugar, e a torcida acabou comprando a idéia e passou a me chamar de General. Levo isso comigo e fico muito feliz pelo reconhecimento.

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