Jornalista brasileiro morto no Paraguai sofria ameaças de facções

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) pediu agilidade das autoridades para investigar o caso

Renato Souza
(foto: Reprodução/TV Globo)

O jornalista Léo Veras, executado com 12 tiros de pistola 9 mm, na cidade de Pedro Juan Caballero, na região de fronteira do Brasil com o Paraguai, na noite de quarta-feira (12/2), recebi constantes ameaças de facções criminosas por meio de mensagens de texto no celular. Léo fazia parte da equipe do site Porã News e era bastante conhecido em Mato Grosso do Sul.

O secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, afirmou que o jornalista fazia denúncias constantes da atuação do narcotráfico na fronteira, principalmente contra o Primeiro Comando Capital (PCC), e recebia diversas ameaças. O comunicador nasceu no Paraguai, mas também tinha nacionalidade brasileira.

Autoridades dos dois países investigam o ataque. As notícias eram publicadas no site em espanhol e português. Nos últimos dias, de acordo com amigos e familiares, o jornalista estava triste e chegou a se despedir da esposa. Pessoas próximas afirmam que ele sabia que estava marcado para morrer.

O comunicador estava em casa, jantando com a família quando três homens encapuzados desceram de um Jeep Cherokee. Ele ainda tentou correr, mas foi atingido por disparos nas costas e na cabeça. O profissional foi levado em estado grave para o hospital e não resistiu aos ferimentos.

“Recentemente ele foi entrevistado em reportagem de alcance nacional denunciando as facções que agem na fronteira, especialmente o PCC (facção paulista Primeiro Comando da Capital). Por conta disso, sua relação com as autoridades e forças policiais era muito boa, mas certamente desagradava o crime”, disse o secretário Antonio Carlos.

Associação pede agilidade

Em nota, a Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos (Abraji) lamentou a morte e pediu agilidade nas investigações. “A Abraji se solidariza com a família, os colegas de profissão e os amigos do jornalista. E reitera a necessidade de autoridades acompanharem, com rigor, ameaças a jornalistas e comunicadores. É dever do Estado prover todos os meios possíveis para garantir a segurança dos profissionais de imprensa”, declarou a entidade.

“A Abraji também está avaliando a inclusão do caso no Programa Tim Lopes, que apura assassinatos de jornalistas e comunicadores no exercício da profissão. Atualmente o programa investiga as mortes dos radialistas Jefferson Pureza (GO) e Jairo de Sousa (PA)”, completa a nota.

Fonte: Correio Braziliense

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