Julgamento de Gleisi muda estratégia do PT na eleição

 

Eventual condenação ameça participação da presidente do partido no pleito

Sergio Roxo e Thiago Aguiar – O Globo

Além de ter o seu pré-candidato à Presidência da República preso sem poder fazer campanha, o que tem dificultado a costura de alianças, o PT pode ter um problema a mais para lidar a partir desta semana. A presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann (PR), será julgada nesta terça-feira pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

De acordo com um dirigente do PT, uma eventual condenação de Gleisi representará mais “um desgaste” e mais uma crise para a legenda. O papel que ela exercerá na campanha presidencial também pode ser influenciado pelo julgamento. Gleisi chegou a ser citada como uma possibilidade de vice da chapa, caso o PT realmente não feche nenhuma aliança.

Nos últimos dias, o julgamento mudou a atuação de Gleisi pelo menos nas redes sociais. Antes restritos à defesa de Lula e à propaganda de sua candidatura, suas publicações passaram a tratar do processo no STF. A senadora alega ser vítima da “máquina de delações contra o PT” e se diz inocente.

No mesmo processo, também são réus o marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Kugler. As investigações começaram com as delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Segundo os delatores, Paulo Bernardo pediu R$ 1 milhão a Paulo Roberto para abastecer a campanha da mulher ao Senado em 2010. O dinheiro teria sido entregue, em quatro parcelas de R$ 250 mil, por um intermediário de Youssef a Ernesto Kugler, um empresário ligado ao casal.

Se for condenada, Gleisi pode ficar fora da eleição deste ano. Desgastada entre o eleitorado do Paraná, berço da Lava-Jato, a presidente do PT desistiu

de tentar a reeleição para o Senado e pretendia concorrer a deputada federal, se a necessidade de se apresentar como vice da chapa presidencial não se concretizasse.

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