Justiça manda soltar jovem preso após ser confundido com filho de traficante

Vinicius é músico na igreja evangélica que frequenta com a famíliaVinicius é músico na igreja evangélica que frequenta com a família
Vinicius é músico na igreja evangélica que frequenta com a famíliaVinicius é músico na igreja evangélica que frequenta com a família Foto: Reprodução
Rafael Nascimento de Souza

A juíza Juliana Ferraz Krykthtine, da 4ª Vara Criminal de Niterói, determinou na manhã desta quarta-feira a soltura do assistente de logística Vinícius Matheus Barreto Teixeira, de 21 anos, detido no último dia 4, dentro da empresa onde trabalha há dois anos, em Macaé.

Ele foi apontado como filho do traficante Messias Gomes Teixeira, o Feio, de 42 anos, e como responsável por recolher o lucro obtido com a venda de drogas do tráfico do Morro do Palácio, no Ingá, em Niterói, além de levar armas e munições para o morro sempre que solicitado. A família nega as acusações. O nome do pai do rapaz é homônimo ao do traficante.

Desde a última semana, a família do jovem vai à Cadeia Pública José Frederico Marques pedindo a soltura do jovem. O alvará já foi expedido e ele deverá ser deixar a prisão até o fim do dia.

— Estou muito feliz. Agora só quero abraçar o meu filho — disse Paula Barreto Gomes Teixeira, mãe de Vinícius.

Pela manhã, os pais de Vinícius o visitaram. Por mais de duas horas, o casal ficou dentro do presídio. O pai de rapaz deixou o local passando mal.

— Foram dez dias sofrendo, mas graças a Deus (ele está solto). Deus é fiel, e agora é só alegria — disse o pai de Vinícius.

O traficante Messias foi preso e denunciado por chefiar o tráfico no Morro do Urubu, em Pilares, e ser “arrendatário” do tráfico no Morro do Palácio. Segundo familiares e o advogado de Vinícius, a polícia errou ao identificá-lo como filho de um traficante. Seu pai é o funcionário de transporte de equipamentos Messias Gomes Teixeira, de 46 anos, homônimo do criminoso.

Na decisão que soltou Vinícius, a juíza afirmou que não via “nenhuma necessidade da manutenção da custódia cautelar do réu, até porque juntou nos autos comprovante de residência e cópia da carteira de trabalho”. Krykthtine destacou que “não foi possível identificar nenhum indício de prova em face do réu, até o presente momento, principalmente da análise detida das interceptações telefônicas constantes dos autos”.

No documento de relaxamento de prisão, a magistrada foi dura e criticou a investigação da Polícia Civil e a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual.

“Cabe destacar, que a identificação e qualificação de todo e qualquer investigado é feita pela Polícia Civil e confirmada pelo Ministério Público, titular da ação penal por previsão constitucional, quando do oferecimento da denúncia. Nos presentes autos não foi diferente. Não cabe ao Poder Judiciário investigar, nem mesmo identificar e qualificar os réus”, concluiu.

Secretário chama prisão de absurda

Na manhã desta quarta-feira, o secretário estadual de Administração Penitenciária (Seap), o delegado Fernando Veloso, afirmou que a prisão de Vinícius Matheus foi “um absurdo” e que o jovem será um exemplo para a Justiça observar que “vários Vinicius passam por esse mesmo problema”. Mais cedo, a Seap autorizou que os pais do rapaz fizessem “visitas extraordinárias”. Ou seja, fora do horário de visita.

— Eu estive com ele na segunda-feira, em Benfica. Conversamos e ganhei mais na conversa do que ele. Ele tem uma energia muito revigorante. Mas ele me disse que está triste porque a família está sofrendo. Conversamos com a direção da unidade e o diretor permitiu que a família fizesse visitas extraordinárias. Eu não vi problemas no pedido — destacou Veloso.

O secretário afirmou que Vinícius afirmou que “o que está passando é uma provação de Deus e que para tudo há um propósito”.

— Foi uma conversa muito lúcida. Não vi uma revolta nele. Durante todo tempo ele me disse que “Deus deu essa luta para ele e por isso está passando”. Que é uma missão. Eu disse para ele que ele será a diferença. Que ele pode transformar a vida de outros Vinicius que estão presos injustamente — destacou Veloso, que continua:

— Ele terá a oportunidade de mudar a vida de muita gente. É um absurdo o que aconteceu. Ele está há mais de uma semana preso por algo que pode não ter acontecido. Ele tem um potencial de fazer muito. Ele tem família, segue o que eles falam, trabalha, toca instrumento na igreja. Ele vai ajudar a diminuir várias injustiças.

O EXTRA apurou que o jovem está detido em uma cela separado dos outros presos.

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