Lava-Jato mira ex-presidente do Paraguai e doleiros

Cerca de 10 agentes da PF estão em Ipanema, na Zona Sul do Rio
Cerca de 10 agentes da PF estão em Ipanema, na Zona Sul do Rio Foto: Letícia Gasparini / Agência O Globo
Chico Otavio, Daniel Biasetto e Juliana Castro

Operação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta terça-feira, tem como alvo principal o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes, que esteve no comando do país vizinho entre os anos de agosto de 2013 a agosto do ano passado. Cartes é ligado a Dario Messer, conhecido como o “doleiro dos doleiros”, preso em São Paulo em julho deste ano, após ficar 14 meses foragido.

Além do ex-presidente paraguaio, foram expedidos mandados de prisão contra outras 18 pessoas. A ação desta terça-feira, que esbarra ainda em esquemas de tráfico de armas e de contrabando de cigarro ilegal, foi desencadeada a partir da prisão de Messer, na operação da Operação Câmbio, Desligo.

Horacio Cartes, então presidente do Paraguai, durante visita ao Brasil em 2013
Horacio Cartes, então presidente do Paraguai, durante visita ao Brasil em 2013 Foto: Jorge William

Os negócios de Cartes e Messer são monitorados por diferentes agências americanas há duas décadas a partir de Assunção e de Cidade do Leste, na divisa de Brasil, Paraguai e Argentina. A sociedade com o ex-presidente paraguaio foi confirmada por um antigo parceiro brasileiro de Messer, Lucio Bolonha Funaro, responsável pela lavagem de dinheiro de corrupção do grupo político liderado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-Rio).

Messer seria um sócio oculto de Cartes no Banco Amambay, atual Banco Basa, conforme indicou a Comissão Bicameral de Investigação do Congresso paraguaio, em relatório em abril do ano passado. Com sede em Assunção, o banco detém 3% do total de depósitos bancários declarados no Paraguai e nasceu da Casa de Câmbio Amambay, fundada pelo pai de Cartes, Ramón, que, em 1989, cedeu a Messer parte do controle.

Foi justamente nos anos 1990 que Messer ingressou nos negócios com dólares, graças a seu pai. Nessa época, Cartes era foragido da Justiça por evasão de divisas e foi acolhido no Rio por Mordko Messer, pai do doleiro dos doleiros. A partir dai, estava selada a parceria de longo prazo em operações de câmbio. Além de atuar no mercado de câmbio, o ex-presidente tornou-se um milionário da área do tabaco e comandou até time de futebol. Entrou na política em 2008, pelo partido Colorado, e cinco anos depois alcançou a Presidência da República no Paraguai.

Cartes já declarou certa vez que Messer, que tem cidadania paraguaia, é seu “irmão de alma”. Enquanto governou o Paraguai, os negócios do doleiro prosperaram. Um levantamento de bens feito pelo governo paraguaio mostra que Messer construiu um patrimônio de quase US$ 100 milhões.

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