Maioria dos médicos estrangeiros não vai para o interior do país

Assim como os brasileiros, os médicos estrangeiros selecionados pelo programa Mais Médicos têm preferência pelas capitais e regiões metropolitanas. Levantamento feito pelo GLOBO com as 27 capitais e as cidades de suas regiões metropolitanas mostra que elas foram o destino indicado para 52,21% dos 521 estrangeiros com registro profissional em outros países.

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Mesmo quando somados estrangeiros e brasileiros formados no exterior, as capitais e regiões metropolitanas receberão pelo menos 51,05% do total de profissionais, ou seja, mais da metade. Os índices são pouco diferentes dos observados no caso de médicos com registro no Brasil, em que 51,88% vão para as capitais e regiões metropolitanas.

Ao todo, o programa selecionou 1.305 médicos com registro no Brasil. Deles, 938 já tinham sido divulgados na terça-feira da semana passada, enquanto a lista com os outros 367 saiu no sábado. Esses médicos já homologaram sua inscrição, ou seja, já aceitaram trabalhar na cidade indicada pelo ministério.

Também foram selecionados 521 estrangeiros com registro fora do Brasil. O número ainda pode diminuir, porque eles têm até a meia-noite desta segunda-feira para confirmar se querem participar do programa. Os brasileiros formados no exterior são o único grupo em que a maior parte vai para o interior: 52,06%. Mas novamente, esses números podem mudar, uma vez que, assim como os estrangeiros, eles têm até a meia-noite de hoje para homologar a adesão ao Mais Médicos.

Caso todos os médicos homologuem sua participação no Mais Médicos, o programa terá 2.020 médicos, o suficiente para atender apenas 13,1% da demanda de 15.460 vagas pedidas pelos municípios. Uma nova etapa de seleção coemçará no dia 15 de agosto, para preenchimento das vagas restantes.

Dilma diz que brasileiros optaram pelo litoral

No sábado, em evento em Porto Alegre, Dilma foi irônica com os médicos brasileiros. Ela disse que o país teve que recorrer aos estrangeiros porque a maioria dos brasileiros optou por trabalhar em municípios do litoral.

– Em torno de mil médicos brasileiros preencheram, cumpriram todos os requisitos, selecionaram o município para onde irão. Na seleção do município para onde irão, tirando Manaus e Brasília, o resto tudo escolheu o litoral. Assim sendo, nós iremos continuar o processo de seleção. Após a seleção dos médicos brasileiros, formados aqui, nós passaremos para a seleção dos médicos com diploma no exterior – disse Dilma, esquecendo-se de que a cidade que mais atraiu médicos com registro no Brasil, com 43 no total, foi Goiânia.

Governo quer parcerias com outros países

Na terça-feira, quando houve a divulgação dos 938 primeiros médicos brasileiros, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apontou à baixa adesão ao programa e a preferência pelas grandes cidades para defender a busca de parceria com outros países e trazer médicos estrangeiros ao Brasil.

— Agora temos um quadro da distribuição de onde se concentra a carência. Temos um quadro indicativo de quais são as prioridade dos médicos brasileiros, que priorizam determinadas áreas, sobretudo as capitais e periferias das grandes cidades. Com esse quadro, fica mais factível ao ministério poder buscar parcerias coletivas com universidades, com países. E certamente vamos fazer negociações – disse Padilha na terça-feira da semana passada.

O programa Mais Médicos prevê que as primeiras vagas sejam preenchidas por médicos com registro no Brasil. As que sobrarem ficam para os brasileiros formados no exterior e, por fim, com os estrangeiros sem registro no Brasil. Todos eles fizeram sua inscrição de forma individual. Mas o programa também prevê que o governo busque parcerias coletivas com outros países e instituições de ensino estrangeiras para ocupar as vagas que não forem preenchidas durante a seleção individual.

Desde a semana passada, o GLOBO vem pedindo ao Ministério da Saúde a lista das cidades consideradas prioritárias, as quais incluem as capitais e municípios das regiões metropolitanas. Como o Ministério não repassou a lista, o GLOBO levou em conta todas as capitais e municípios de suas regiões metropolitanas, incluindo as regiões de Brasília e Teresina, que se estendem por Goiás e Minas Gerais, no primeiro caso, e pelo Maranhão, no segundo. O levantamento desconsiderou regiões metropolitanas em que a principal cidade não seja uma capital, como Campinas, em São Paulo.

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