Marília volta candidata de São Paulo

O PT de Pernambuco – leia-se o manda-chuva Humberto Costa – não tem mais razões que embasem um novo veto ao plano majoritário e viável em torno do potencial eleitoral de Marília Arraes, desta feita na disputa à Prefeitura do Recife. Em 2018, ela teria amplas chances de chegar ao segundo turno e ganhar a eleição para o Governo do Estado, mas o projeto nacional, pelo qual a candidatura de Fernando Haddad ao Planalto precisaria do respaldo do PSB, atrapalhou.

Rifada, só restou a então favorita ao Palácio das Princesas, conforme atestavam todas as pesquisas de intenção de voto, buscar um mandato federal, arrebatado nas urnas com o aval de mais de 193 mil pernambucanos, a segunda mais votada entre os 25 deputados federais eleitos, abaixo apenas de João Campos. Respaldada, Marília buscou se aproximar em Brasília dos cardeais e mandarins do PT. Deu certo.

Ganhou a confiança da presidente Gleisi Hoffman (PR), do líder na Câmara, José Guimarães (CE), e, principalmente, do ex-presidente Lula, personagens com os quais estará frente a frente na próxima terça-feira, em São Paulo, ao lado do senador Humberto Costa, o presidente estadual do PT, Doriel Barros e o presidente do diretório municipal de Recife, Cirilo Mota. Do encontro, não pode sair outra decisão a não ser a de candidatura própria no Recife.

Na última sexta-feira, reunido em São Paulo, o diretório nacional do PT, sob a coordenação do próprio Lula, anunciou candidatura própria em dez capitais, entre elas a própria São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e Manaus, deixando Recife de fora, o que derivou para interpretações de que Marília estava, novamente, fritada.

Mas não vai acontecer isso. Precisando recuperar espaços de poder arrastados pelas urnas nas últimas eleições, o que respaldaria a direção nacional a impor um novo veto à candidatura de Marília Arraes? Nada. A história não se repete em política. Vetar Marília lá atrás, vereadora do Recife, foi fácil. Deputada federal, são outros quinhentos.

Além disso, Humberto já ganhou o que queria: a renovação do seu mandato, que ameaçava virar letra morta não fosse o casamento com o PSB e o poder das duas máquinas, a do Estado e da Prefeitura do Recife. Humberto não tem mais resistência dialética e voz ativa no diretório nacional para barrar, por conveniências paroquiais, um projeto real de poder para o PT numa das capitais mais importantes do Nordeste. (Magno Martins)

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