Médicos baianos são processados após suposto erro em cirurgia plástica

[Médicos baianos são processados após suposto erro em cirurgia plástica]

Retornando da Europa e vivendo um dos melhores momentos de sua vida, uma arquiteta baiana, de 30 anos, viu seu mundo desabar e mergulhou na depressão após ser submetida a uma cirurgia plástica realizada por renomados médicos baianos, em Salvador.

“Eu estou fazendo terapia, tomando antidepressivo. Estava em meu melhor momento financeiro. Tinha voltado da Suíça. Eu estou ficando bem agora. Não tem mais jeito… Eu fiquei com sequelas”, lamenta a arquiteta que prefere não se identificar.

Em entrevista ao BNews, ela revela o motivo que levou a ser submetida a uma rinoplastia. “Excesso de vaidade, queria arrebitar o nariz, mexer na ponta, mas ao invés de fazer com cirurgião plástico, fiz com otorrino e aconteceu isso. Uma amiga tinha feito com ele e indicou”.

O procedimento foi realizado pelos médicos André Apenburg e Laércio Freitas, em 15 de julho de 2016, no Day Hospital Louis Pasteur Ltda., após consultas médicas na Clínica Otorrino Center.

“Eles não explicaram sobre risco nenhum. Quando tive hemorragia, por três vezes, não tive assistência. Tive que ir para o Hospital Santa Izabel, cheguei a ficar uma noite inteira lá. Antes, tentei atendimento no Hospital Cardio Pulmonar, que recusou porque não tinha médico especialista”, lembra.

Angustiada por causa do suposto erro médico, a arquiteta pediu demissão do emprego e evitou aparecer em público durante meses. “Após tudo isso, soube que uma cirurgia dessa quando dá errado só pode operar de novo seis meses depois. Foi o que me deixou bem depressiva. Emagreci e não queria sair”, lembra.

Ao site, ela afirmou que a médica Alice Karoline de Oliveira, que trabalhava no Santa Izabel, noiva do médico André, chegou a acessar o prontuário para beneficiar o companheiro. O fato ocasionou a demissão da médica. O suposto ato consta em autos encaminhados à Justiça. “Reforce-se que é tão evidente o conluio entre os médicos que o prontuário da Autora foi indevidamente acessado e violado no dia 26 de julho de 2017, apenas oito dias após o segundo réu ter sido citado, conforme se vislumbra no Aviso de Recebimento”, cita a defesa da arquiteta.

A correção do procedimento foi realizada pelo médico-cirurgião plástico da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade de São Paulo (USP), o doutor Luís Henrique Ishida, no dia 30 de janeiro do ano passado. Na primeira intervenção, foram gastos quase R$ 15 mil. A correção custou R$ 28.500, paga pelos médicos Apenburg e Freitas. “O reparo foi feito, mas fiquei com sequelas. Vou ter que fazer um preenchimento no nariz a cada dois anos com ácido hialurônico pelo resto da minha vida”.

O caso foi parar na Justiça. Uma ação de reparação de danos patrimoniais e extrapatrimonais tramita na 15ª Vara de Relações de Consumo, na capital baiana. No Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), corre uma ação que investiga a suposta ação da noiva de um dos médicos. Além disso, a arquiteta também denunciou os fatos ao Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) e para Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os réus solicitaram à Justiça que o processo corresse em segredo, mas o pedido foi negado.

Ao site, a assessoria do Cremeb informou que “para a denúncia protocolada sob o número 15.418/2018 já foi instaurada respectiva sindicânia, sendo designado um sindicante para tal, e a mesma encontra-se em diligência. Demais informações sobre a investigação não são divulgadas em atenção ao princípio ético do sigilo, presente em todas as sindicâncias e processos realizados pelo Tribunal de Ética Médica deste Conselho”.

O Santa Izabel, os médicos e as unidades de saúde também foram procurados pelo site. Informaram que enviariam um posicionamento sobre a situação, mas a reportagem não recebeu nenhuma nota.

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