O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, confirmou que recebeu da empreiteira UTC o valor de R$ 500 mil para sua campanha ao governo do estado de São Paulo em 2010 e destacou que todo o valor foi declarado à Justiça Eleitoral. Segundo ele, o primeiro repasse, de R$250 mil, foi feito em 29 de julho de 2010 e o segundo, em 27 de agosto do mesmo ano. Mercadante disse que vai pedir acesso ao conteúdo da delação e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos.

Em coletiva à imprensa na tarde deste sábado (27), o ministro disse que soube pela imprensa que em delação premiada o empreiteiro Ricardo Pessoa alegou ter doado a sua campanha para o governo de São Paulo em 2010 R$ 250 mil de forma legal e R$ 250 mil de forma não declarada.

De acordo com reportagens divulgadas ontem (26) pela revista Veja, Pessoa teria citado, na delação, o nome de 18 pessoas que receberam contribuições dele. Segundo o delator, os repasses, alguns oficiais outros não, foram feitos por receio de perder seus negócios relativos à Petrobras. Entre os que receberam dinheiro, foram citados o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, e o da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Assim como o ministro Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, fez mais cedo, em coletiva de imprensa, Mercadante frisou que é padrão da UTC fazer doações aos candidatos que tem chances de se eleger. “Eu era um candidato competitivo, tive o apoio de R$ 500 mil. O candidato que ganhou que tinha preferência nas pesquisas, ganhou R$ 1,4 milhão.”

O ministro também confirmou informações divulgadas na imprensa de que ele teria recebido o empreiteiro em sua casa. Mercadante relatou que tinha feito uma cirurgia quando recebeu um pedido de reunião de Ricardo Pessoa. “Ele quis saber minhas propostas para o governo de São Paulo. Apresentei minhas propostas, ele revelou que poderia contribuir com a minha campanha e eu agradeci.”

Quando indagado sobre o motivo de não ido aos Estados Unidos na comitiva da presidente Dilma Rousseff, Mercadante disse que desde que assumiu a Casa Civil não viaja com a presidente, mas desta vez iria porque faz parte da coordenação dos presidentes de empresas. Ele disse que desistiu da viagem porque queria estar em Brasília para tratar de assuntos importantes no Congresso, como a indexação das aposentadorias ao salário mínimo, votação de vetos e reajuste salarial dos servidores. Além disso, ele disse que queria se explicar sobre as acusações. “Eu queria estar aqui.”

Mercadante já havia se pronunciado ontem por meio de nota, em que informava que os valores foram recebidos de forma legal e declarados à Justiça Eleitoral. A direção do PT também reafirmou que todas as doações recebidas pelo partido são legais e registradas na Justiça Eleitoral.