“Ele sempre foi um bom pai e um bom marido, mas, de uns três anos para cá, comecei a notar que ele estava diferente”, conta a dona de casa Inês*, de 34 anos, sobre o marido, com quem está casada há sete anos. Ela e Estevão*, de 37, têm dois filhos, uma de 5 anos e outro de 8 meses. Inês disse ao Delas que jamais pensou que o marido a traísse frequentemente — e com homens. “Ele me contou que foram cinco, mas vai saber se não tem mais”, diz. Ela soube dos casos do marido há apenas duas semanas, e ainda não sabe o que fazer.

Inês
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Inês conta que descobriu que o marido a traia com outros homens. (Foto ilustrativa)

Inês começou a contar sua história em um grupo fechado de apoio para mulheres no Facebook, com mais de 5.000 integrantes. Na rede social, ela conta que só passou a ter desconfianças do marido no quarto ano de casamento. Ela começou a notar que ele mudava de comportamento sempre que mexia no celular. “Achei que pudesse ser coisa da minha cabeça. Eu até desconfiei, mas aquilo que você não pode provar pode não ser verdade.”

Quando as desconfianças começaram, o casal comemorava o aniversário de um ano da primeira filha, o que, segundo ela, a fez esquecer os indícios de infidelidade do marido. E Inês decidiu seguir em frente.

Nesse período, os dois tiveram o segundo filho, mas a relação já havia mudado. “Ele mal me procurava na cama, parecia sempre uma obrigação. O estranho é que ele falava em termos mais um filho, mas eu percebia que ele não me queria como antes.”

Mensagens no celular

Ela decidiu, então, olhar o celular do marido. “No sábado de madrugada, ele foi tomar banho e ouvi um monte de mensagens pipocando no celular dele. Como estava desconfiada, fui dar uma olhada, mas achei estranho porque eram mensagens de um homem”, conta.

“Tudo é propósito de Deus, porque eu não sabia a senha do celular dele. Mas chutei e acertei de primeira. Li as mensagens e resolvi continuar a conversa como se fosse ele, até que eu soltei a frase: ‘Lembro da gente’. O tal cara começou, então, a soltar os detalhes de tudo o que acontecia entre eles”, relembra ela, que é evangélica.

Assim que Estevão saiu do banho, Inês decidiu confrontá-lo. Ele não negou nenhuma vez, segundo ela. Admitiu que a traia com outros homens e que aquela não tinha sido nem a primeira e nem a única vez. “Ele me falou que foram cinco homens, mas vai saber se não tem mais…”, fala.

Na hora, ela diz que não soube como reagir, mas que passou a noite inteira chorando, acordada. “Tenho certeza que nunca fui tão magoada na vida. Eu não tenho raiva, só muita mágoa, porque sempre vivi por ele, para ele e para a família dele. Sempre ajudei a todos e é assim que ele me paga?”, pergunta.

Apesar de o marido admitir a traição, ela relata que não decidiu o rumo do casamento ainda. “Quando nasci, o meu pai já tinha morrido. Sei bem como é a vida sem um pai. Mesmo separando, nunca é a mesma coisa para os filhos. E tenho dois. Não tenho como trabalhar com duas crianças e ir para casa da minha mãe para ser sustentada por ela.”

Inês não entende como ele foi capaz de traí-la. “Me usar desse jeito para quê? Poderia ter deixado eu seguir minha vida.” Hoje, os dois continuam dividindo a mesma casa, mas não como um casal. “A gente não conversou direito sobre o assunto. Ainda estou tentando digerir tudo isso. Não consigo nem olhar para a cara dele sem chorar.” De acordo com ela, as conversas se resumem a questões sobre as crianças.

A dona de casa conta que o marido pediu perdão por tudo o que aconteceu em prol dos filhos, prometeu que a situação não irá mais se repetir, mas confessou que gostava de se encontrar com os amantes.

“Espero que Deus me dê uma luz, porque não está sendo fácil. Eu amo muito o meu marido ainda, mas sinto como se estivesse sido atropelada. Acho que nunca conseguirei superar isso aqui dentro de mim.”

* Os nomes foram alterados a pedido da entrevistada