Milagre de Ourique dá origem a Portugal independente

Como recompensa, Alfonso Enriques recebeu territórios de Alfonso IV, rei de Leão e Castela
Max Altman (1937-2016), advogado e jornalista, foi titular da coluna Hoje na História da fundação do site, em 2008, até o final de 2014, tendo escrito a maior parte dos textos publicados na seção. Entre 2014 e 2016, escreveu séries especiais e manteve o blog Sueltos em Opera Mundi.

Atualizada em 25/07/2016, às 08h00

Em 25 de julho de 1139, Alfonso Enriques, conde de Portugal, derrota uma coalizão de soberanos muçulmanos em Ourique, atual Alentejo, ao sul do rio Tejo. Era o “Milagre de Ourique”, origem de Portugal independente.

Os cinco escudos azuis no centro da bandeira nacional lembram os 5 reis mouros vencidos em Ourique.

Portugal do tempo dos romanos correspondia mais ou menos à província de Lusitânia e cultiva hoje em dia a saudade de uma história militar que em seu tempo constituiu a vanguarda da aventura europeia.

Por volta do ano 1000, enquanto a maior parte da Península Ibérica estava sob o domínio árabo-berbere, os reis cristãos das Astúrias arrebataram aos chefes muçulmanos a região do rio Douro e a cidade do Porto em sua embocadura. Esta pequena região, ao norte de Portugal atual, tomava o nome de Terra portucallis, segundo Portus Calle, nome romano do Porto.

Em 1095, no auge da Reconquista, o rei de Leão e Castela, Alfonso IV, doa o condado de Portugal a seu genro, Henri de Borgonha, vencedor do “Milagre de Ourique”.

O feliz vencedor se proclama rei sob o nome de Alfonso I – Alfonso Henriques – e, para assegurar sua independência face ao sogro, se coloca sob a proteção da Santa Sé.

Em 25 de outubro de 1147, com a ajuda de 13 mil cruzados em partida para a Terra Santa, Alfonso I o Conquistador toma Lisboa dos muçulmanos que a ocupavam havia 4 séculos.

Lisboa, na foz do Tejo, tornou-se a nova capital do reino. Seu nome remontava ao herói grego Ulisses, porém supunha-se, mais seriamente, que os fenícios a haviam fundado sob o nome de Olisipo.

Em 1383, o rei de Castela, Juan o Bastardo, assume o reinado da região. A nobreza portuguesa resiste e o chefe da rebelião, um soldado de 25 anos, Nuno Alvares Pereira, é eleito rei de Portugal pelas Cortes de Coimbra sob o nome de João I.

Desafiado, o soberano de Castela atravessa a fronteira com seu Exército. As tropas portuguesas, reforçadas por um contingente de arqueiros ingleses, o derrotam em Aljubarrota, a meio-caminho de Lisboa, em 14 de agosto de 1385, restaurando a independência de Portugal. Nuno Pereira, após servir o rei como condestável, funda um mosteiro carmelita em Lisboa e se afasta em 1423. É canonizado 5 séculos mais tarde.

João I, em maio de 1386, firma com os aliados ingleses o Tratado de Windsor, estabelecendo uma “liga de amizade inviolável, eterna, sólida, perpétua e verdadeira” entre os dois reinos, aliança que jamais foi posta em causa e que permanece como a mais antiga ainda em vigor.

Portugal toma Ceuta, ao norte de Marrocos, em 1415. Era a primeira intervenção dos europeus fora de seu continente depois das Cruzadas. Todavia, logo abandonam as conquistas terrestres e se orientam para a navegação de longo curso.

Encorajados pelo infante d. Henrique, o Navegador, marinheiros e príncipes portugueses passam a desempenhar papel pioneiro e protagonista nas Grandes Descobertas. A bordo de naus bastante manejáveis, as caravelas descobrem o arquipélago de Açores e a Ilha da Madeira e exploram metodicamente a costa africana, com vistas a contornar o continente e atingis as Índias.

Em 1433, Henrique o Navegador dá ordem a Gil Eanes de fazer o reconhecimento da costa para além do cabo Bojador, ao sul do atual Marrocos. Num primeiro momento, o marinheiro prefere rumar para as Canárias, visto que lendas tenebrosas corriam sobre as paragens ao sul desse cabo. No entanto, voltou atrás e, no ano seguinte, foi o primeiro ocidental a ultrapassar esse cabo.

Em 1488, por fim, Bartolomeu Dias contorna o Cabo das Tormentas, também conhecido como Cabo da Boa Esperança. Poucos anos foram necessários para que Vasco da Gama lançasse âncoras em porto das Índias. O triunfo dos portugueses foi momentaneamente empanado pelo sucesso concomitante de Cristóvão Colombo que, partindo para o Ocidente em busca da Ásia, oferece um Novo Mundo aos soberanos espanhóis.

Prevendo eventual conflito territorial, o papa Alexandre VI, de origem espanhola, intervém como árbitro e divide as terras a descobrir entre espanhóis e portugueses, no Tratado de Tordesilhas de 7 de junho de 1494.

Um erro de navegação mais ou menos voluntário levou um navegador português a infringir a regra. Em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o que viria a ser o Brasil, principal país desse novo continente.

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