Ministra quer apoio de ministérios para projetos de comunidades negras

Cristina Indio do Brasil

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, vai procurar os ministros da Educação, Aloizio Mercadante; e do Trabalho, Manoel Dias, para organizar um encontro, em Brasília, com lideranças do movimento negro. A intenção da ministra é discutir políticas para a comunidade negra que possam ser desenvolvidas pelas três pastas. “Para que assim como a Cultura fez essa reunião, eles possam ouvir as comunidades negras nas suas respectivas áreas e ver o que pode ser feito para as comunidades terem maior inserção social”, explicou.

A decisão de Marta Suplicy foi tomada durante um debate de quase duas horas com lideranças do movimento, artistas e agentes culturais hoje (9) no auditório do Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. A ministra orientou as lideranças que apresentem demandas concretas. “Todos têm demandas, mas basta focar e ter alguma coisa estruturada”, disse.

No encontro, a ministra acertou, ainda, analisar os patrocínios de todas as estatais para verificar como os recursos estão sendo aplicados e qual a parcela destinada a projetos culturais da comunidade afrodescendente. Ela explicou que a ideia surgiu durante uma reunião na Petrobras em que ela participou nesta terça-feira. Marta Suplicy prometeu ainda adotar o sistema de cotas na distribuição dos recursos.

“O ministério está pensando em fazer um levantamento dos investimentos de todas as estatais na área da cultura, por que cada uma investe no que acha e de repente nós conseguimos ter uma política de Estado da Cultura. Esta foi uma orientação da presidenta Dilma e, agora, acho que chegou o momento de chamar as estatais e ter uma conversa, primeiro, no que para eles é importante, depois no que nós podemos unificar como política de Estado e aí veio a demanda de que eles gostariam de ter uma inserção grande de cota para questão de cultura negra. Acho que neste modelo nós acreditamos poder fazer. Já fazemos os editais, agora vamos poder pensar nesta nova situação”, disse.

Durante os debates, a ministra ouviu propostas e pedido de respeito às tradições da comunidade negra. Uma delas foi em relação aos terreiros de candomblé, que sofrem violações por questões religiosas e também ações da bancada evangélica contra as manifestações de cultura negra. A ministra respondeu que os terreiros têm que ser fortalecidos como entidades. Na área política, Marta Suplicy adiantou que o ministério está buscando o andamento de vários projetos que estão em tramitação no Congresso. “Tem várias coisas no Congresso que a gente vai trabalhar que sabe que afeta toda a Cultura, mas a comunidade negra em especial”, informou.

A baiana Beatriz Moreira Costa, a Mãe Beata de Yemanjá, do terreiro Ilê Omi Oju Aro, em Nova Iguaçu, abriu os debates. Ela concordou com o fortalecimento dos terreiros para evitar a discriminação religiosa. “Precisamos de mais união. Ninguém sabe mais do que ninguém. A gente nasce aprendendo e morre aprendendo. Todos nós somos irmãos. A gente só cobra respeito quando a gente dá respeito. É isso que devemos fazer. Isso chamasse fortalecimento. Empoderamento é assim. É você dizer eu sou e não ter medo de dizer, eu sou do Candomblé. Sou negra. Sou yalorixá, sou mãe de santo”, no fim da apresentação da proposta dela, Mãe Beata entoou um canto a Oxalá e foi seguida por toda a plateia. (Agência Brasil)

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