Ministro frouxo silencia sobre insubordinação do general Antonio Mourão

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, silenciou sobre declarações do general e seu subordinado, Antonio Hamilton Mourão, que ao participar de um evento da Maçonaria, em Brasília, na sexta-feira (15), admitiu a hipótese de uma intervenção militar no país.

Pensava-se que o tempo em que militar dava “pitaco” sobre questões políticas do Brasil tinha ficado para trás, mas existem os “saudosistas” da ditadura que vivem falando em “golpe militar”, apesar de a chance de isso ocorrer ser próxima de zero.

O general, durante palestra para maçons, falando sobre a segunda denúncia do Ministério Público Federal contra o presidente Michel Temer, declarou: “Ou as instituições solucionam o problema político, retirando da vida pública os elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor uma solução”. O general é secretário de Economia e Finanças do Exército, ou seja, tem a chave do cofre.

Segundo ele, “os poderes terão que buscar uma solução (para o problema da corrupção no país). Se não conseguirem, temos que impor uma solução. E essa imposição não será fácil. Ela trará problemas, podem ter certeza”.

Pela Constituição, militar não pode se pronunciar sobre temas políticos. Mas já que o ministro da Defesa silenciou, o Partido dos Trabalhadores divulgou uma nota censurando a postura dele.

Segundo o PT, a declaração do general admitindo uma nova intervenção militar no país “fere frontalmente a Constituição e ameaça seriamente a democracia”.

O PT lembra que o general foi afastado do Comando Militar do Sul, em 2015, por ter externado opiniões sobre o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

De acordo com o partido, “a nova transgressão requereria imediatas providências por parte do Comando-Geral do Exército e do Ministério da Defesa, para ratificar o compromisso das Forças Armadas com a Constituição e impedir que fatos como estes se repitam”.

Já o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também por meio de nota disse o seguinte: “Esta declaração é muito grave e ganha conotação oficial na medida em que o general estava fardado e, por isso, representando formalmente o Comando da força terrestre. Ela é ainda mais grave por ter sido emitida pelo Secretário de Economia e Finanças, responsável pelo gerenciamento de recursos da Força e, portanto, soa como chantagem aos poderes constituídos em um momento de restrição orçamentária”.

Embora não tenha censurado diretamente o seu subordinado, o comandante geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou por meio de nota que a instituição está comprometida com a legalidade, estabilidade e legitimidade.

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