Morre o consagrado químico francês Marcellin Berthelot

Fez importantes descobertas e também foi historiador, filósofo, botânico e político

 

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No dia 18 de março de 1907, morre em Paris Pierre Eugène Marcellin Berthelot, extraordinário químico e consagrado historiador, filósofo, botânico e político. Viveu toda a vida na capital francesa, onde seu pai, um médico, tratava dos pacientes pobres de sua vizinhança. Ainda estudante, demonstrou que compostos orgânicos como o fenol podiam ser sintetizados a partir do ácido acético que, por sua vez, podia ser preparado a partir de outras substâncias químicas como o tetracloreto de carbono.

Berthelot foi um dos primeiros cientistas a usar a expressão “síntese” para descrever a produção de compostos orgânicos. Doutorou-se em 1854 com o célebre trabalho Sobre a combinação da glicerina com ácidos, uma tese sobre a combinação do glicerol com ácidos graxos, que lhe proporcionou notável prestígio entre os cientistas da época.

Além de sua pesquisa sobre substâncias graxas, Berthelot é conhecido pela síntese de álcoois, que definia como compostos neutros contendo carbono, hidrogênio e oxigênio. Tradicionalmente, o álcool etílico (etanol) era preparado pela fermentação do açúcar com leveduras. Ele demonstrou, contudo, que o mesmo composto poderia ser obtido a partir de etileno, um gás orgânico. Também foi responsável pela produção de gás acetileno.

Publicou uma obra definitiva sobre a síntese de químicos orgânicos em 1860, concluindo que um número praticamente infinito de compostos orgânicos poderiam ser produzidos.  O trabalho de Berthelot demonstrou que as mesmas forças físicas podem operar tanto na química orgânica quanto na inorgânica.

No laboratório do Collège de France sintetizou grande quantidade de compostos orgânicos, entre os quais o etanol (1855), o ácido fórmico (1856), o metanol (1858), o acetileno (1859) e o benzeno (1866). Foi pioneiro nos estudos que ajudaram a terminar a divisão clássica entre as combinações orgânicas e inorgânicas. Foi ele o responsável pela quebra do paradigma que supunha que as substâncias orgânicas só podiam ser obtidas a partir de organismos vivos.

Realizou também estudos de termoquímica, liberação e absorção de calor nas reações químicas, e cunhou, para esses fenômenos, os termos exotermia e endotermia. Sua mais notável contribuição nesse campo foi a invenção da bomba calorimétrica, um aparelho em que o gás é misturado com o excesso de oxigênio, comprimido e então entra em combustão. Esse aparelho media o calor com muito mais precisão que os métodos anteriores.

Fundou uma estação experimental de química botânica (1883), em Meudon, onde pesquisou fermentação e a fixação do nitrogênio atmosférico por plantas e bactérias.

Durante a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), Berthelot foi indicado como membro do Comitê de Defesa de Paris. Estabelecido o novo governo da república, foi eleito senador e começou uma ativa carreira política. Tornara-se membro da Academia Nacional de Medicina em 1863 e dez anos depois entrou para a Academia Francesa de Ciências da qual se tornou secretário vitalício em sucessão a Louis Pasteur.

Como senador, a partir de 1881, mostrou especial interesse pela educação, tendo sido nomeado pelo premiê René Goblet ministro da Educação Pública. Seu jubileu científico foi celebrado em Paris em 1901.

Nessa etapa de sua carreira, dedicou-se também a decifrar manuscritos antigos e medievais sobre alquimia e analisou objetos de metal do Antigo Egito e Mesopotâmia.

Berthelot era inteiramente dedicado a sua mulher, Sophie Niaudet, vinda de uma família protestante. Estiveram casados por 45 anos e tiveram seis filhos. Quando adoeceu, cuidou dela dia e noite. Menos de uma hora após sua morte, ele também morreu. Uma lei especial foi rapidamente aprovada para permitir que ambos fossem enterrados juntos no Panthéon.

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