Morre o escritor russo Anton Tchekhov

Tchekhov foi um grande mestre da novela curta, sendo considerado como um dos mais importantes autores da história; em 1887 surgem os primeiros sintomas da tuberculose que acabaria com sua vida

Anton Pavlovitch Tchekhov, médico, escritor e dramaturgo russo, morre em Badenweiler, Baden-Wurtemberg, Império Alemão, em 15 de julho de 1904, aos 44 anos. Pertencente à corrente naturalista, foi um grande mestre da novela curta, sendo considerado como um dos mais importantes autores de contos da história da literatura universal. Como dramaturgo, escreveu quatro obras e seus contos foram aclamados pelo público, escritores e crítica.

Tchekhov foi um grande mestre da novela curta/Wikicommons

Tchekhov foi um grande mestre da novela curta/Wikicommons

Em maio de 1904, Tchekhov já se encontrava gravemente doente, razão pela qual se trasladou em 3 de junho, com a mulher Olga, para o spa alemão de Badenweiler, na Floresta Negra. Seu corpo foi levado depois a Moscou e está enterrado junto ao do pai, no cemitério Novodécich na capital russa.

Tchekhov deixou de escrever obras teatrais depois da má acolhida de sua peça A Gaivota em 1896 no teatro Alexandrinsky de São Petersburgo. No entanto, essa mesma obra alcançou grande êxito em 1898, interpretada pela companhia Teatro de Arte de Moscou de Konstantin Stanislavsky que levou à cena também Tio Vânia,As Três Irmãs e O Jardim das Cerejeiras.

Em princípio, Tchekhov escrevia simplesmente por razões econômicas, porém, sua ambição  artística cresceu e introduziu inovações que influenciaram na evolução dos contos.Sua originalidade consiste no uso da técnica do monólogo, adotada mais tarde por James Joyce e outros escritores do modernismo anglo-saxão, além da rejeição aos fins morais presentes na estrutura das obras tradicionais. Ele não se preocupava com as dificuldades que isto poderia trazer ao leitor, porquanto julgava que o papel do artista era fazer perguntas e não respondê-las.

Tchekhov nasceu em Taganrog, o principal porto do mar de Azov, em 29 de janeiro de 1860. Era o terceiro de seis irmãos. Seu pai, Pavel Tchekhov, diretor do coro da paróquia e devoto cristão ortodoxo, lhes deu uma disciplina rigorosa e muito religiosa. Esse é um dos motivos que explica a paixão pela liberdade e independência de Tchekhov. A mãe, Yevgueniya, era uma grande contadora de histórias que entretia os filhos com relatos de suas viagens com o marido, um comerciante de tecidos, por toda a Rússia.

Em  1875, o negócio do pai quebrou, obrigando que todos se mudassem para Moscou a fim de evitar que o prendessem. O jovem Anton ingressa na Faculdade de Medicina da Universidade de Moscou. Para ajudar a familia, começa a escrever historietas humorísticas e caricaturas da vida na Rússia sob o pseudônimo de Antosha Cheronté. Rapidamente ganhou fama como bom cronista do cotidiano.

Tchekhov se formou em Medicina em 1884, mas seguiu escrevendo para diversos semanários. Em 1885, começou a colaborar com a Peterburgskaya Gazeta com artigos mais elaborados. Em dezembro do mesmo ano, foi convidado a colaborar com um dos periódicos mais respeitados de São Petersburgo, o Nóvoye Vremia (Novo Tempo). Em 1886, publica seu primeiro livro de contos, Contos de Melpómene. No ano seguinte ganha o Prêmio Pushkin graças à coletânea de contos Ao Anoitecer.

Doença

Em 1887 surgem os primeiros síntomas da tuberculose que acabaria com sua vida, e Tchekhov viaja para a Ucrânia. Em seu regresso, estreia A Gaivota. O sucesso colhido foi devido em grande medida ao Teatro de Arte de Moscou de Stanislavsky, que vislumbrou a necessidade de criar um novo estilo baseado na naturalidade do ator para expressar de maneira adequada as atribulações e os sentimentos dos personagens.

Além da faceta como dramaturgo, Tchekhov se destacou com autor de contos, criando personagens atribulados pelos próprios sentimentos, descrevendo-os com maestria, eles que eram uma ampla amostra das pessoas comuns da Rússia tzarista do final do século 19 e princípios do século 20. Pode-se destacar Os Camponeses de 1897, o inquietante A Sala nº 6 de 1892 e o apaixonante A Dama do Cachorrinho de 1899, que surgiu como contraposição a Anna Karénina de Liev Tolstoi, já que o próprio autor afirmou “não desejo mostrar uma convenção social e sim mostrar seres humanos que amam, choram, pensam e riem”.

A tuberculose o obrigou a passar longas temporadas em Nice e posteriormente em  Yalta, na Crimeia, já que o clima temperado destas zonas era preferível aos crueis invernos russos. Tchekhov só se fez internacionalmente famoso nos anos posteriores à Primeira Guerra Mundial, quando as traduções de Constance Garnett ao inglês ajudaram a popularizar sua obra. Suas peças conquistaram as plateias da Inglaterra nos anos 1920 e se converteram em verdadeiros clássicos da dramaturgia. Nos Estados Unidos, autores como Tennessee Williams, Arthur Miller e Raymond Carver valeram-se das técnicas dele para escrever algumas de suas peças.

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