Morre o filósofo alemão Immanuel Kant
Em 12 de fevereiro de 1804, morre aos 79 anos o filósofo Immanuel Kant. Nasceu, estudou e lecionou em Koenigsberg, centro universitário e comercial da Prússia Oriental que jamais deixou.A vida de Kant foi austera e regular como um relógio. Levantava-se às 5 da manhã, fosse inverno ou verão, e deitava-se todas as noites às dez horas. Seguia sempre o mesmo itinerário para ir de sua casa à Universidade. Apenas duas circunstâncias fizeram-no perder a hora: a publicação do Contrato Social de Rosseau, em 1762, e a notícia da vitória francesa em Valmy, em 1792.
Considerado como o último grande filósofo do início da era moderna, tornou-se indiscutivelmente um dos pensadores mais influentes.
Nunca casou-se e nem teve filhos. “Quando precisei de uma esposa, não tinha como sustentá-la”, teria dito. Entre suas principais obras estão Crítica da Razão Pura, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Crítica da Razão Prática e Crítica da Faculdade de Julgar. A primeira delas criou as bases da “teoria do conhecimento” como disciplina filosófica.
Nascido em 22 de abril de 1724, foi o quarto dos 11 filhos de um artesão pertencente ao ramo pietista da Igreja Luterana, que exigia dos fiéis uma vida simples e a obediência à lei moral. Frequentou uma escola local, onde aprendeu latim e línguas clássicas. Na universidade, estudou Filosofia, Matemática e Física. Influenciado por Isaac Newton, começou a escrever em 1744 seu primeiro livro, um tratado sobre forças cinéticas: Pensamentos sobre o Verdadeiro Valor das Forças Vivas. Depois de longo período como professor secundário de geografia, passou a lecionar Ciências Naturais na universidade.
Kant elaborou na epistemologia uma síntese entre o racionalismo de René Descartes e de Gottfried Leibniz, no qual imperava o raciocínio dedutivo, a tradição empírica e o pensamento indutivo de ingleses como David Hume, John Locke e George Berkeley.
Tratou também do idealismo transcendental. Todos traríamos formas e conceitos a priori, isto é, aqueles que não provêm da experiência e que já existem na concretude da humanidade. A filosofia da natureza e da natureza humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo conceitual que dominou a vida intelectual do século XX.
Durante os quarenta anos de docência, que só abandonou em 1796, aos 73 anos, conquistou não só a admiração dos alunos, como também de colegas do mundo científico. Os estudantes afluíam à Universidade de Königsberg como se aquela fosse a Meca da filosofia. Kant teve suas teorias ensinadas em todas as universidades importantes da Alemanha.
Seu trabalho concentrou-se na resposta a três questões: O que eu sei? O que devo fazer? O que devo esperar?. No entanto, as respostas para as duas últimas dependiam da resposta dada à primeira: nosso dever e nosso destino podem ser determinados somente após um profundo estudo do conhecimento humano.
Kant é considerado o grande filósofo do Iluminismo. Respondeu assim à questão “o que é o Iluminismo?”:
“O Iluminismo é a saída do ser humano do estado de não-emancipação em que ele próprio se colocou. Não-emancipação é a incapacidade de fazer uso de sua razão sem recorrer a outros. Tem-se culpa própria na não-emancipação quando ela não advém de falta da razão, mas da falta de decisão e coragem de usar a razão sem as instruções de outrem. Sapere aude!”. Ter coragem para fazer uso da razão, esse era o lema do Iluminismo.