‘Muito ajuda quem não atrapalha’, diz Richard Nunes sobre PF investigar caso Marielle

Polícia Federal pediu acesso à investigação após depoimentos do miliciano Orlando de Curicica, que disse que membros da cúpula de Segurança acobertam assassinos: “Não acredito que dar voz a prisioneiro possa contribuir”, disse o Secretário de Segurança

Por Adriano Araujo e Rafael Nascimento

General Braga Neto abre fórum de debates sobre a Intervenção Federal na Segurança do Rio. Sentado, o general Richard Nunes, secretário de Segurança

General Braga Neto abre fórum de debates sobre a Intervenção Federal na Segurança do Rio. Sentado, o general Richard Nunes, secretário de Segurança – Estefan Radovicz / Agência O Dia

Rio – O secretário de Segurança do Rio na Intervenção, o general Richard Nunes, criticou o pedido da Polícia Federal (PF) para ter acesso à investigação feita pela Polícia Civil do caso Marielle Franco e Anderson Gomes, executados em março. Quase nove meses depois, o crime ainda não foi solucionado. No Fórum de debates do Observatório Militar, que divulgou um balanço da intervenção federal na Segurança do Estado, nesta terça-feira, Nunes fez duras críticas e disse que estão dando voz para bandido, se referindo ao miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica.

“Pra mim faz parte de todo esse processo de desinformação. Muita gente tem buscado holofote na elucidação desse caso e não tem contribuído com nada. Muito ajuda quem não atrapalha. Dizer que vai se investigar a investigação é fazer aquilo que um prisioneiro pediu para que fosse feito”, falou.

“A escolha feita do Chefe de Polícia Civil e do comandante da Polícia Militar foi com dados que tínhamos e eles realizaram um trabalho excepcional. Essas denúncias que existem contra ele (Rivaldo Barbosa) precisam ser apuradas pelos órgãos competentes. No caso Marielle há muita desinformação, muito ajuda quem não atrapalha. O que tenho visto é muita gente dando palpite, se envolvendo nesse caso sem ter o mínimo de conhecimento do que está acontecendo. A Divisão de Homicídios tem feito um trabalho excepcional, num trabalho bastante complexo de um crime de difícil elucidação. Não acredito que dar voz a um prisioneiro, que está numa prisão federal pela prática de vários crimes, possa contribuir para a elucidação desse caso. É uma desinformação e estamos dando voz a quem realmente está ganhando com isso. o maior beneficiário de todo esse noticiário é um criminoso que fez com que sua voz fosse ouvida de maneira totalmente desqualificada”, criticou. Rivaldo Barbosa estava presente no evento, mas não quis falar com a imprensa.

Caso Marielle preocupa nova cúpula da polícia

A não solução do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Pedro Gomes preocupa a nova cúpula da Polícia Civil, que assumirá no próximo ano. Nos últimos dias o assunto não saiu da pauta dos membros da equipe do novo governador, Wilson Witzel. Existe a expectativa que o caso seja resolvido ainda em 2018, mas fontes avaliam que o crime continuará a ser investigado na próxima gestão.

“O governador eleito Wilson Witzel não quer pegar ‘esse problema'”, diz um policial da nova gestão. O DIA apurou que toda a atual equipe da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital será removida do posto. Não sobrará nenhum delegado e nenhum investigador que está atualmente à frente do caso.

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