Na véspera do clássico, Victor Ramos fala sobre polêmica com o Bahia e relação com Kieza

Zagueiro rubro-negro recebeu o CORREIO e conversou sobre o clima de mais uma decisão com a camisa do Vitória

Fernanda Varela

Como todo zagueiro que se preza, Victor Ramos não foge da dividida. Na véspera do Ba-Vi, ele critica o Bahia pela polêmica criada em torno de sua suposta irregularidade, destaca os pontos fortes dos dois times e fala também sobre as fofocas da vida pessoal.

Como se sentiu com o nome envolvido numa polêmica que poderia prejudicar o Vitória?Sinceramente? Não me preocupei. Meu foco é jogar futebol. Nunca me importo com extracampo. Até mesmo na época que era muito famoso em termo de mulherada, quando eu bebia, eu não ligava. Em momento nenhum me preocupei, porque o Vitória sempre esteve certo. Eles não iam inscrever um jogador irregular e se prejudicar.

A postura do Bahia nesse caso te incomodou?
Um pouco. O presidente do Bahia foi infeliz na declaração dele. Ele agiu como torcedor, não como dirigente de um clube grande como o Bahia. Aliás, grande não. Não posso falar isso. Um clube conhecido como o Bahia. Melhor (risos). Não vejo ninguém na diretoria do Vitória fazer isso. Os próprios torcedores do Bahia não gostaram da postura dele. Ele errou e deve ter consciência disso.

Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Raimundo Viana diz que o Bahia entrou na Justiça por medo de enfrentar o Vitória. É por aí?Não sei por que eles estão assim, não tem razão para isso. Pode ser medo, desespero, não sei. Acho que é um pouquinho de cada coisa. Também pode ser alguma coisa pessoal, porque o Bahia me procurou e eu não aceitei. Essa postura desesperada só mostra que alguma coisa tem.

Quando o Bahia te procurou?

Quando estava de férias. Não foi só o Bahia, não. Teve Grêmio, Santos, times de outros países. Mas preferi ir para o Vitória, que é minha casa, onde sempre fui bem-vindo.

E você jogaria no Bahia?
Não tem como. A minha vida inteira foi no Vitória, então é complicado dizer que um dia vou vestir a camisa do Bahia. Tenho um vínculo grande com o clube, os dirigentes, o torcedor. Não ia dar certo, sabe? Não ia ter paz na minha vida, não ia conseguir jogar o futebol que jogo no Vitória.

O que te preocupa no Ba-Vi?
Tem que ter cuidado com o Bahia. É um time jovem, mas de jogadores bem-sucedidos, como Thiago Ribeiro e Hernane. Vai ser um jogo duro. O ataque deles é perigoso, tem jogadores inteligentes. Juninho, o camisa 10, arrisca muito bem de fora da área. Tem também Edigar Junio, que é rápido. Mas eles têm que ficar ligados, porque do lado de cá temos Kieza, Dagoberto e Marinho, que vive uma fase excelente.

O que te preocupa no Vitória?

Nada. Estamos bem e preparados. Nosso time é muito alegre, unido. É impressionante como somos fortes no Barradão. Até conversei um dia desses com Gabriel Paulista e lembramos que, de 2012 para 2013, quando jogamos juntos, terminamos o ano invictos no Barradão. O pessoal chama a Fonte Nova de Fonte Nossa por conta das goleadas, mas o Barradão é mais importante. É nossa casa.

Muda o que jogar no Barradão ou na Fonte Nova?
Temos que ter superioridade. Lá vai estar lotado e não podemos dar vacilo. A própria estrutura do estádio ajuda, porque parece um caldeirão mesmo. Quando o cara chega no estádio, e vê lá de cima na ladeira aquela galera toda, não tem como não bater o nervoso. O adversário treme.

Arrisca um placar?
Vai ser no detalhe. Acho que não vai ser jogo de placar largo. Hoje em dia, você não vê tanto o Ba-Vi ser muito aberto. É mais retrancado, truncado. Não acredito que vamos repetir aquelas goleadas de 5×1, 7×3. Acho que será placar curto, como 1×0, 2×1, 2×0.

São times ofensivos. É um jogo que vai exigir mais de você?
Demais. Principalmente porque eu e Ramon jogamos com a linha muito alta. Para esse jogo, vamos baixar um pouco. Lá no Bahia tem jogadores muito rápidos. Thiago Ribeiro nem é tanto assim, mas é experiente demais. Hernane, nem se fala. Vamos ter que jogar certinho ali, pedir aos laterais que segurem bem lá atrás para evitar surpresa.

Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Recentemente surgiram boatos de que você teria brigado com Kieza por causa de um suposto envolvimento, no passado, com a esposa dele. Como é a relação entre vocês?
Fiquei surpreso com essa história toda, que não existiu. Eu nem conhecia Kieza. Conheci aqui no Vitória e é um cara que admiro e gosto muito. A gente se dá superbem. Tomei um susto quando estava na concentração e meu assessor ligou para dizer que um site noticiou que a gente tinha brigado. Não tem nada a ver isso aí, nenhum fundamento. Loucura da p…! Rapaz, eu e Kieza nos damos muito bem, moramos no mesmo condomínio. Não tem rixa nenhuma. Ele é um cara fantástico.

Você chegou a conversar com Kieza sobre isso?
Conversamos sim, no vestiário. Foi coisa rápida. Ele falou comigo ‘Pô que loucura, né, cara?’. E eu ‘Que resenha é essa aí, Kieza? Nada a ver, velho’. O cara nem estava concentrado, como é que a gente ia brigar? Maluquice. Ainda inventaram uma história que nunca aconteceu. Foi tão bizarro que todo mundo chegou lá surpreso. Eu e Kieza conversamos rapidamente, porque nem tem motivo para prolongar esse papo.

Você fez fama também pelo extracampo agitado. Como é seu comportamento hoje?Diria que 99% diferente. Hoje, fico mais tempo em casa. Tem seis meses que não faço uso de bebida alcoólica nenhuma. Não mudei pelos outros, mas por mim. Sou homem e chamo a responsabilidade. Preciso do meu corpo para trabalhar e decidi parar. Percebi que não precisava beber e sair tanto. Eu saio uma vez ou outra, vou jantar, mas muito pouco. Antes eu bebia toda hora, mas eu era moleque. Hoje, vou fazer 27 anos (dia 5 de maio) e estou em outro momento. Bebida só faz você piorar a saúde, fazer mais merda na vida, tomar decisão errada. Se eu soubesse que me sentiria tão bem sem beber, teria parado bem antes, lá com 21, 22 anos.

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