Não serei o ditador, diz Eduardo Bolsonaro ao assumir PSL dividido em SP

Em evento sem a presença de Joice Hasselmann, Janaina Paschoal e Alexandre Frota, campeões de voto do partido em São Paulo, o PSL entronizou o deputado federal Eduardo Bolsonaro na presidência estadual da legenda nesta segunda-feira (10).

O filho do presidente Jair Bolsonaro assume o cargo em meio a uma divisão interna na sigla, que tem como pano de fundo a eleição municipal de 2020 e o candidato do PSL à prefeitura da capital. “Não serei o ditador, não vou ser o cara que vai dar o voto de Minerva com relação a tudo”, disse Eduardo durante o ato, no auditório de um hotel na região da avenida Paulista.

A plateia repetiu em coro algumas vezes ao longo da cerimônia o bordão de campanha do presidente (“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”). Um painel com a logomarca do partido na entrada do local serviu de cenário para fotos de apoiadores fazendo gestos de armas com as mãos.

O filho de Bolsonaro substitui no posto o senador Major Olimpio, que enfatizou em suas falas o clima de cordialidade na transição. Ele se referiu ao sucessor como “amigo de todas as horas”; Eduardo lhe agradeceu pelo “bom serviço iniciado” na legenda.

Nos bastidores, porém, o ambiente é mais tenso, a exemplo do que ocorre no PSL em outros estados, como mostrou a Folha de S.Paulo neste domingo (9). Olimpio é desafeto de Joice, que tem interesse em ser a candidata do partido a prefeita de São Paulo. A deputada federal, por sua vez, conta com o apoio do colega de Câmara dos Deputados Alexandre Frota, que contesta a ascensão de Eduardo à presidência do partido no estado.

O ex-ator já disse que quer “colocar fogo” no PSL local e entrou com pedido para afastar o filho de Bolsonaro do cargo. Frota argumenta que, pelo estatuto da legenda, o adversário não poderia assumir a função por ter se ausentado de sucessivas reuniões partidárias.

O grupo de Eduardo e Olimpio, embora não descarte em público uma candidatura de Joice, tem trabalhado por outra saída. Os dois já convidaram o apresentador José Luiz Datena, da Band, para se filiar à legenda e possivelmente concorrer ao governo municipal.

Entre os parlamentares eleitos pelo PSL que compareceram à solenidade estavam a deputada federal Carla Zambelli, que também é rompida com Joice, e Luiz Philippe de Orleans e Bragança, membro do grupo que passa a controlar a sigla.

A ausência de Janaina Paschoal era tida como esperada, já que a parlamentar estadual -que detém a marca de maior votação recebida por um candidato a deputado na história do país, com mais de 2 milhões de votos- abriu sucessivas dissidências com o PSL nos últimos meses.

Janaina criticou Bolsonaro publicamente, pediu o afastamento de auxiliares dele envolvidos em escândalos e, no capítulo mais recente, detonou uma guerra com seus colegas da bancada do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo por discordar do apoio deles a manifestações em defesa do governo.

Nos discursos e declarações no evento, os demais líderes do partido adotaram a defesa de unidade interna e buscaram minimizar o racha.

“O PSL em São Paulo tem muitas lideranças fortes, de personalidade forte”, contemporizou Zambelli, que durante a fala de Eduardo protagonizou uma quebra de protocolo. Da plateia, ela gritou: “Estão falando nas redes sociais que só tem homem [no palco]. Quero dizer que eu sou mulher e me sinto representada por eles”. Ela foi aplaudida e convidada a se somar ao grupo da diretoria no palanque.

O novo presidente do partido no estado falou que sua prioridade é dar “uma cara muito mais Bolsonaro” ao PSL. “Fazer um partido de direita, conservador, que seja liberal de fato na economia. A gente tá pensando em fazer um partido ideológico”, afirmou. Bandeiras como transparência e ética também foram mencionadas.

O segundo objetivo, segundo ele, é fortalecer os diretórios municipais para a disputa de 2020. “A minha preocupação é que as candidaturas tenham um perfil de direita, um perfil conservador”, disse. “Ao contrário de algumas pessoas que vêm de um espectro mais à esquerda, nós não fazemos o diabo para ser eleitos, não é isso? Não sei se lembrou alguém nessa frase”, continuou ele, aludindo a uma declaração da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2013.

Disposto a manter os ataques, Frota usou uma rede social para ironizar uma das falas de Eduardo enquanto o evento ainda era realizado. Ele comparou seu inimigo ao autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó.

O deputado escreveu no Twitter que iria se “controlar para não rir” da declaração do novo dirigente sobre construir um partido forte e limpo. “Era fraco e sujo? Quem vai limpar? Você? Enfim nasceu o Edu Guaidó, autoproclamado presidente do PSL-SP”, provocou.

Frota despeja ataques à nova cúpula desde o anúncio da troca, em maio. Já chegou a chamar o deputado estadual Gil Diniz, que tomou posse na vice-presidência, de “o Louro José do Eduardo Bolsonaro”. No evento desta segunda, Eduardo tinha a seu lado o presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar. O cacique da legenda foi aclamado como o responsável por pavimentar o caminho de Jair Bolsonaro até a Presidência, quando abriu o partido para recebê-lo, em 2018.

Bivar está respondendo a acusações de uso de notas fiscais frias e tem a sua permanência no cargo contestada por integrantes da sigla. A Folha mostrou que o dirigente da legenda apresentou à Câmara e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) notas fiscais de empresas que negociam a venda desse tipo de documento.

Sem mencionar diretamente o caso, Eduardo se dirigiu a Bivar para afirmar que tem consideração por ele e que “esses ataques certamente vão ser superados”. Mais tarde, indagado sobre um possível afastamento de Bivar no cargo, o filho de Bolsonaro foi evasivo.  “Acho que pode ser avaliado, mas nós também temos que avaliar de onde é que vêm as notícias e etc. Porque, se for ver, matéria na imprensa sai todo dia. Nem sempre, né… Eu não generalizo nunca a imprensa, por favor, mas, se você for considerar tudo que sai na imprensa, você vai ter zero deputados aí no PSL.”

Em evento sem a presença de Joice Hasselmann, Janaina Paschoal e Alexandre Frota, campeões de voto do partido em São Paulo, o PSL entronizou o deputado federal Eduardo Bolsonaro na presidência estadual da legenda nesta segunda-feira (10).

O filho do presidente Jair Bolsonaro assume o cargo em meio a uma divisão interna na sigla, que tem como pano de fundo a eleição municipal de 2020 e o candidato do PSL à prefeitura da capital. “Não serei o ditador, não vou ser o cara que vai dar o voto de Minerva com relação a tudo”, disse Eduardo durante o ato, no auditório de um hotel na região da avenida Paulista.

A plateia repetiu em coro algumas vezes ao longo da cerimônia o bordão de campanha do presidente (“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”). Um painel com a logomarca do partido na entrada do local serviu de cenário para fotos de apoiadores fazendo gestos de armas com as mãos.

O filho de Bolsonaro substitui no posto o senador Major Olimpio, que enfatizou em suas falas o clima de cordialidade na transição. Ele se referiu ao sucessor como “amigo de todas as horas”; Eduardo lhe agradeceu pelo “bom serviço iniciado” na legenda.

Nos bastidores, porém, o ambiente é mais tenso, a exemplo do que ocorre no PSL em outros estados, como mostrou a Folha de S.Paulo neste domingo (9). Olimpio é desafeto de Joice, que tem interesse em ser a candidata do partido a prefeita de São Paulo. A deputada federal, por sua vez, conta com o apoio do colega de Câmara dos Deputados Alexandre Frota, que contesta a ascensão de Eduardo à presidência do partido no estado.

O ex-ator já disse que quer “colocar fogo” no PSL local e entrou com pedido para afastar o filho de Bolsonaro do cargo. Frota argumenta que, pelo estatuto da legenda, o adversário não poderia assumir a função por ter se ausentado de sucessivas reuniões partidárias.

O grupo de Eduardo e Olimpio, embora não descarte em público uma candidatura de Joice, tem trabalhado por outra saída. Os dois já convidaram o apresentador José Luiz Datena, da Band, para se filiar à legenda e possivelmente concorrer ao governo municipal.

Entre os parlamentares eleitos pelo PSL que compareceram à solenidade estavam a deputada federal Carla Zambelli, que também é rompida com Joice, e Luiz Philippe de Orleans e Bragança, membro do grupo que passa a controlar a sigla.

A ausência de Janaina Paschoal era tida como esperada, já que a parlamentar estadual -que detém a marca de maior votação recebida por um candidato a deputado na história do país, com mais de 2 milhões de votos- abriu sucessivas dissidências com o PSL nos últimos meses.

Janaina criticou Bolsonaro publicamente, pediu o afastamento de auxiliares dele envolvidos em escândalos e, no capítulo mais recente, detonou uma guerra com seus colegas da bancada do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo por discordar do apoio deles a manifestações em defesa do governo.

Nos discursos e declarações no evento, os demais líderes do partido adotaram a defesa de unidade interna e buscaram minimizar o racha.

“O PSL em São Paulo tem muitas lideranças fortes, de personalidade forte”, contemporizou Zambelli, que durante a fala de Eduardo protagonizou uma quebra de protocolo. Da plateia, ela gritou: “Estão falando nas redes sociais que só tem homem [no palco]. Quero dizer que eu sou mulher e me sinto representada por eles”. Ela foi aplaudida e convidada a se somar ao grupo da diretoria no palanque.

O novo presidente do partido no estado falou que sua prioridade é dar “uma cara muito mais Bolsonaro” ao PSL. “Fazer um partido de direita, conservador, que seja liberal de fato na economia. A gente tá pensando em fazer um partido ideológico”, afirmou. Bandeiras como transparência e ética também foram mencionadas.

O segundo objetivo, segundo ele, é fortalecer os diretórios municipais para a disputa de 2020. “A minha preocupação é que as candidaturas tenham um perfil de direita, um perfil conservador”, disse. “Ao contrário de algumas pessoas que vêm de um espectro mais à esquerda, nós não fazemos o diabo para ser eleitos, não é isso? Não sei se lembrou alguém nessa frase”, continuou ele, aludindo a uma declaração da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2013.

Disposto a manter os ataques, Frota usou uma rede social para ironizar uma das falas de Eduardo enquanto o evento ainda era realizado. Ele comparou seu inimigo ao autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó.

O deputado escreveu no Twitter que iria se “controlar para não rir” da declaração do novo dirigente sobre construir um partido forte e limpo. “Era fraco e sujo? Quem vai limpar? Você? Enfim nasceu o Edu Guaidó, autoproclamado presidente do PSL-SP”, provocou.

Frota despeja ataques à nova cúpula desde o anúncio da troca, em maio. Já chegou a chamar o deputado estadual Gil Diniz, que tomou posse na vice-presidência, de “o Louro José do Eduardo Bolsonaro”. No evento desta segunda, Eduardo tinha a seu lado o presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar. O cacique da legenda foi aclamado como o responsável por pavimentar o caminho de Jair Bolsonaro até a Presidência, quando abriu o partido para recebê-lo, em 2018.

Bivar está respondendo a acusações de uso de notas fiscais frias e tem a sua permanência no cargo contestada por integrantes da sigla. A Folha mostrou que o dirigente da legenda apresentou à Câmara e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) notas fiscais de empresas que negociam a venda desse tipo de documento.

Sem mencionar diretamente o caso, Eduardo se dirigiu a Bivar para afirmar que tem consideração por ele e que “esses ataques certamente vão ser superados”. Mais tarde, indagado sobre um possível afastamento de Bivar no cargo, o filho de Bolsonaro foi evasivo.  “Acho que pode ser avaliado, mas nós também temos que avaliar de onde é que vêm as notícias e etc. Porque, se for ver, matéria na imprensa sai todo dia. Nem sempre, né… Eu não generalizo nunca a imprensa, por favor, mas, se você for considerar tudo que sai na imprensa, você vai ter zero deputados aí no PSL.”

Em todas as vezes que foram questionados sobre as mensagens que mostram colaboração entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, publicadas neste domingo (9) pelo site The Intercept Brasil, os líderes do PSL no evento saíram em defesa do atual ministro da Justiça.

“Parece realmente algo arquitetado para desgastar o governo”, disse Eduardo. “São fatos anteriores à vinda do Moro para o governo Bolsonaro. Não cabe a mim fazer um juízo de avaliação quanto a isso.” “Acredito na honestidade do Moro e vamos defendê-lo até o fim”, afirmou Zambelli. PSL no evento saíram em defesa do atual ministro da Justiça.

“Parece realmente algo arquitetado para desgastar o governo”, disse Eduardo. “São fatos anteriores à vinda do Moro para o governo Bolsonaro. Não cabe a mim fazer um juízo de avaliação quanto a isso.” “Acredito na honestidade do Moro e vamos defendê-lo até o fim”, afirmou Zambelli.

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